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CONSUMO
Cresce a expectativa de que companhias aproveitem o aumento na demanda para repassar custos ao varejo
Indústria eletroeletrônica negocia reajustes
ADRIANA MATTOS
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de expansão no
consumo e a pressão em custos
internos abrem espaço para que a
indústria acelere o ritmo de reajustes a partir de julho. Há uma
nova rodada de negociação neste
mês entre lojas e fabricantes para
discutir aumentos de 3% a 6% em
eletrônicos e eletrodomésticos
O que ocorre é que as empresas
não querem perder chances de repassar para a frente as pressões
em seus custos fixos (energia,
transporte). Ao mesmo tempo, isso não poderá ser feito numa tacada só. Tanto que esse reajuste
pedido em julho ao varejo só reflete parte do aumento total requisitado pela indústria no início
de 2004.
"Novas rodadas de reajustes,
principalmente em setores muito
voltados para a venda interna, vão
pipocar mais. E volta a expectativa de que ganhem força os pedidos de recomposição de margens
de algumas indústrias", disse Lucien Mulder Belmonte, superintendente da Abividro, que representa os fabricantes de vidro para
o setor de carros e de alimentos.
Segundo ele, no entanto, "enquanto as empresas não tiverem
mais claro se a expansão atual na
demanda é só "vôo de galinha" ou
não, não há risco de inflação de
demanda".
A inflação de demanda existe se
o aumento no consumo ganha
força a ponto de as empresas reajustarem suas tabelas por conta
do excesso na procura. O risco de
que isso ocorra no setor eletroeletrônico preocupa empresários do
setor, apurou a Folha.
Isso ocorre em razão do atual
aumento na procura por componentes eletrônicos. Não há capacidade de produção para atender
todos os pedidos de fabricantes de
linha marrom (TV, DVD) e telefonia celular -a demanda disparou no mundo. O que pode inflar
os preços dos insumos e, logo, do
produto final.
No caso dos automóveis, a situação é semelhante. A venda de
carros no país cresceu a partir de
maio, e não há insumo barato e
em grande quantidade à venda
hoje porque as companhias são
fortemente exportadoras.
A CSN, por exemplo, acelerou
neste ano o seu movimento de aumentos de preços do aço aos seus
clientes, como montadoras de
carros e linha branca (geladeiras e
refrigeradores).
Na BSH Continental, o aumento
do custo da chapa de aço -em
torno de 10% a 15% em junho-
deve ter impacto de até 2% nos
preços finais de produtos da linha
branca, segundo a Folha apurou.
Como a procura pelo aço subiu
no mercado externo -principalmente em razão das exportações
para a China-, as indústrias que
dependem desse insumo tiveram
de "buscar na praça" o produto.
Algumas empresas de eletrodomésticos tiveram de buscar com
distribuidores até 30% do aço necessário porque não conseguiram
comprar direto das siderúrgicas.
"A partir de 1º de agosto, teríamos de repassar aos produtos cerca de 8,5% de aumento em razão
dos aumentos nos custos. Só que
teremos de negociar esse repasse
caso a caso", afirmou Synésio Batista da Costa, vice-presidente de
relações institucionais da CCE.
Na construção civil, pesquisa
com cem empresas do Estado de
São Paulo mostrou que, em junho, de 28 matérias-primas usadas pelas construtoras, 15 tiveram
reajuste acima da inflação (IGP-M). "Cobre, aço e alumínio foram
os produtos que mais subiram.
No nosso caso, não há como repassar custos. O setor está em crise há três anos", diz Carlos Barbara, da Barbara Engenharia e
Construtora.
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