São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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Operação da PF não atrapalha liqüidação

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Jazz no som ambiente, clientes experimentando roupas na Gucci, baldes de champanhe gelado nos corredores. Enquanto nos escritórios do setor administrativo os funcionários da Daslu trabalhavam apreensivos, nas áreas de circulação de clientes o clima era de aparente normalidade.
As vendas não foram interrompidas em nenhum momento do dia. Em liquidação desde o início da semana -produtos de coleções de inverno estão com descontos que chegam a 50%- a Daslu viveu um dia movimentado. O "corner" da grife italiana Dolce & Gabanna -onde pode ser encontrada uma calça jeans por R$ 4.180, fora da liquidação- era um dos mais disputados.
O restaurante Leopolldina (um copo d'água, R$ 3,50) também ficou cheio. Por volta das 17h, o bar do local estava concorrido, com quase todas as mesas ocupadas. Dois músicos tocavam piano e violoncelo enquanto os freqüentadores tomavam chá com bolos, bolachas e croissants.
Já no espaço da francesa Louis Vuitton, uma das maiores atrações do primeiro andar, o movimento era mediano. A grife não faz promoções em nenhuma época do ano -envia seus produtos de coleções passadas para Paris, onde são incinerados.
No restante da loja, o clima de liqüidação só não era mais evidente porque os clientes têm a opção de não circular com sacolas. Uma espécie de esteira, que não fica visível ao público, transporta as compras direto para as mãos do manobrista, no estacionamento.
Pela manhã, horário da visita da Receita à loja, poucos clientes esbarraram com fiscais e policiais. Em grupos de três ou quatro homens, eles faziam buscas breves. No "corner" da Vivo, por exemplo, ficaram cerca de 20 minutos. Levaram notas fiscais.
"Gente, esse é o melhor dia para comprar aqui!", comentava uma cliente, cercada por um grupo de amigas, no Leopolldina. "Que bafão, né?", dizia outra, em voz baixa, no setor masculino, onde se vendem de camisetas de R$ 2.500 a lanchas de R$ 7 milhões.
As vendedoras foram orientadas a não comentar o assunto com os freqüentadores da loja. Quando questionadas, diziam frases como "Não sei" ou "Vai dar tudo certo". Nos espaços com pouco movimento de fregueses, contudo, o assunto dominava entre os funcionários. "É, mãe, mas deve ser coisa do PT para desviar a atenção do povo. Igual à história da Schincariol", dizia, ao celular, uma vendedora da agência de turismo Teresa Perez Tours, que fica no terceiro andar da loja.


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