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ACM chora e defende empresária
MÔNICA BERGAMO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Foi uma comoção em Brasília: a
prisão de Eliana Tranchesi, a dona da Daslu, levou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
às lágrimas, fez o senador Jorge
Bornhausen (PFL-SC) prever
uma crise econômica no país e
obrigou o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, a passar
boa parte do dia atendendo parlamentares e telefonemas de outros
"vips" para explicar o que estava
acontecendo. Os três -ACM,
Bornhausen e Bastos-, aliás, são
clientes da Daslu.
O senador ACM, um dos melhores amigos e espécie de padrinho político da Daslu, era o que
demonstrava ontem ter sofrido o
maior impacto com a notícia. Logo cedo, quando Eliana já estava
presa, telefonou a Thomaz Bastos.
ACM deixou o Senado e foi ao
gabinete do ministro. Ouviu explicações. A PF apenas cumprira
uma determinação da Justiça.
Bastos defendeu a legalidade da
operação.
ACM voltou e fez discurso no
Senado. "O que eles [Ministério
Público e Ministério da Justiça]
precisam é dizer para quem era o
dinheiro que estava na cueca do
petista do Ceará. O que precisam
é arrombar a sede do PT para ver
o que existe lá. O que precisam é
averiguar a Telemar para ver por
que largou R$ 2,5 milhões para a
empresa do filho do senhor Luiz
Inácio Lula da Silva."
Bornhausen pediu aparte e chamou a ação do Ministério Público, da Justiça e da PF de "nefasta":
"A insegurança jurídica pode trazer problema para a economia".
Listando adjetivos, Bornhausen
classificou a prisão de "ação insensata, despropositada, absurda", que caracteriza um "atentado
ao mercado" e pode ter reflexos
internos e até nos investidores internacionais.
ACM deixou o plenário e foi para o gabinete. Conseguiu falar
com Eliana Tranchesi pelo telefone. Ela ainda estava presa. Acabara de dar seu depoimento à polícia. Chorou. ACM chorou também. Para ele, "tudo o que é para
ser investigado tem de ser investigado", mas condenou a forma:
"Não precisava tanta violência,
tanta pirotecnia, como não precisava prender a Eliana".
O senador Bornhausen, que
também deixara o plenário, encontrou os deputados Fernando
Gabeira (PV-RJ) e Alberto Goldman (PSDB-SP). "Essa prisão [de
Tranchesi] pode gerar uma crise
econômica, afugentar investimentos internacionais do país. O
empresário vai dizer: para que
vou investir no Brasil, se posso ser
preso?"
Goldman concordou. "O que o
governo está querendo é mostrar
que bate nos ricos, que prende a
elite, que não poupa ninguém."
Colaborou Eliane Cantanhêde,
colunista da Folha
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