São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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ACM chora e defende empresária

MÔNICA BERGAMO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Foi uma comoção em Brasília: a prisão de Eliana Tranchesi, a dona da Daslu, levou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) às lágrimas, fez o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) prever uma crise econômica no país e obrigou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a passar boa parte do dia atendendo parlamentares e telefonemas de outros "vips" para explicar o que estava acontecendo. Os três -ACM, Bornhausen e Bastos-, aliás, são clientes da Daslu.
O senador ACM, um dos melhores amigos e espécie de padrinho político da Daslu, era o que demonstrava ontem ter sofrido o maior impacto com a notícia. Logo cedo, quando Eliana já estava presa, telefonou a Thomaz Bastos.
ACM deixou o Senado e foi ao gabinete do ministro. Ouviu explicações. A PF apenas cumprira uma determinação da Justiça. Bastos defendeu a legalidade da operação.
ACM voltou e fez discurso no Senado. "O que eles [Ministério Público e Ministério da Justiça] precisam é dizer para quem era o dinheiro que estava na cueca do petista do Ceará. O que precisam é arrombar a sede do PT para ver o que existe lá. O que precisam é averiguar a Telemar para ver por que largou R$ 2,5 milhões para a empresa do filho do senhor Luiz Inácio Lula da Silva."
Bornhausen pediu aparte e chamou a ação do Ministério Público, da Justiça e da PF de "nefasta": "A insegurança jurídica pode trazer problema para a economia".
Listando adjetivos, Bornhausen classificou a prisão de "ação insensata, despropositada, absurda", que caracteriza um "atentado ao mercado" e pode ter reflexos internos e até nos investidores internacionais.
ACM deixou o plenário e foi para o gabinete. Conseguiu falar com Eliana Tranchesi pelo telefone. Ela ainda estava presa. Acabara de dar seu depoimento à polícia. Chorou. ACM chorou também. Para ele, "tudo o que é para ser investigado tem de ser investigado", mas condenou a forma: "Não precisava tanta violência, tanta pirotecnia, como não precisava prender a Eliana".
O senador Bornhausen, que também deixara o plenário, encontrou os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Alberto Goldman (PSDB-SP). "Essa prisão [de Tranchesi] pode gerar uma crise econômica, afugentar investimentos internacionais do país. O empresário vai dizer: para que vou investir no Brasil, se posso ser preso?"
Goldman concordou. "O que o governo está querendo é mostrar que bate nos ricos, que prende a elite, que não poupa ninguém."


Colaborou Eliane Cantanhêde, colunista da Folha


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