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MARCHA LENTA
Segundo sondagem da FGV, 29% dos industriais acham que o nível de demanda está fraco; só 8% vêem forte procura
Pessimismo da indústria é o maior em 2 anos
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ânimo dos empresários industriais está no patamar mais
baixo em dois anos. Segundo a
Sondagem Trimestral da Indústria de Transformação divulgada
ontem pela Fundação Getulio
Vargas, para 29% dos entrevistados o nível de demanda está fraco.
Apenas 8% disseram que a demanda está forte. No mesmo mês
do ano passado, 19% afirmavam
que a demanda estava forte.
"A situação em julho é de desânimo. Há uma grande quantidade
de empresas com níveis excessivos de estoque e pouca demanda", avaliou Aloísio Campelo,
coordenador da sondagem da
FGV. Para 19% das companhias
ouvidas pela sondagem -foram
462 no total- o nível de estoque
está muito alto.
"Dado o acúmulo de estoques
no segundo trimestre, decorrente
da combinação de produção industrial aquecida e demanda em
declínio, temos no terceiro trimestre deste ano uma tendência
de arrefecimento da produção industrial", diz relatório do banco
Bradesco divulgado ontem.
Esse resultado nos estoques parece indicar, diz Campelo, que
houve um erro de planejamento
das próprias empresas que apostaram numa redução, que não
veio, da taxa de juros. Na sondagem trimestral realizada entre
abril e junho, 49% dos pesquisados disseram esperar um aumento da demanda, fato que não se
confirmou. "O nível alto de estoques é um fator redutor da produção industrial nos próximos meses", disse Campelo.
No item do levantamento "situação atual dos negócios", 33% a
consideram fraca, o maior percentual desde julho de 2003. Para
16%, a situação está boa. "Os números dão a entender que há um
quadro de estagnação", afirmou
Campelo. Para o economista da
FGV, esses dados refletem uma
diminuição do ritmo da economia brasileira e um recuo das
margens de lucro das empresas.
Esse retrato da indústria no mês
de julho mostrado pela FGV ecoa
os dados de produção industrial
regional apresentados pelo IBGE
para maio deste ano. Na maioria
dos Estados brasileiros, a atividade desacelerou, embora tenha
mantido crescimento.
Futuro
A parte da sondagem que indaga sobre os prognósticos da indústria para os próximos meses
também mostra desalento.
De acordo com a pesquisa da
FGV, 20% declararam que deve
haver uma diminuição da produção no entre julho e setembro deste ano. O dado causa certa apreensão no setor porque, historicamente, esse é um período de
aquecimento da atividade por
causa das encomendas de final de
ano. No período entre julho e setembro de 2004, 8% achavam que
a produção iria cair.
No trimestre julho-setembro
deste ano, 43% das empresas estimam aumento da demanda por
produtos industriais no período
e, 19%, aumento.
Quanto à situação do emprego,
as perspectivas também se deterioraram. Neste terceiro trimestre, 16% das empresas disseram
que pretendem contratar, no entanto 20% disseram que pretendem reduzir o número de empregados. Na série histórica da pesquisa, é a primeira vez que esse
saldo fica negativo desde o mês de
abril de 2002.
"A pesquisa corrobora com o
que também temos sentido no
chão de fábrica. Entre os trabalhadores, já há uma nítida percepção
de desesperança e desânimo",
afirmou ontem em nota Paulo Pereira da Silva, presidente da Força
Sindical.
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