São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Fundação Ruben Berta deve assumir 87% da "velha Varig"

Controladora será dona da maior parte de ações da fatia da aérea que carrega dívida

Credores se reúnem com a direção da Varig, mas não chegam a consenso sobre a nova proposta; companhia opera com 13 aeronaves

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O novo modelo de venda da Varig, reformulado a partir da proposta de compra da VarigLog, manterá a FRB (Fundação Ruben Berta) como a dona da "velha Varig", a parcela que permanece em recuperação judicial e carrega as dívidas, estimadas em R$ 7,9 bilhões.
A FRB detém atualmente 87% das ações da Varig. Ela continuará com o mesmo percentual de ações da "velha Varig", que ficará com a concessão da Nordeste e uma só rota: São Paulo-Porto Seguro. Desde o final do ano passado, a FRB foi afastada pela Justiça do Rio da gestão da companhia. Ela tentou interromper o processo de recuperação judicial e vender a Varig para Nelson Tanure ("JB" e "Gazeta Mercantil").
A presença da FRB, identificada por ex-dirigentes como uma das principais responsáveis pela crise da Varig, deve funcionar como mais um fator de incerteza para os credores.
Não houve consenso na reunião de ontem entre a direção da aérea, a VarigLog e representantes de estatais, de empresas de leasing e do Aerus, fundo de pensão dos funcionários. Hoje haverá nova reunião. "A FRB é dona da Varig, ela nunca foi expropriada de suas ações", disse Marcelo Bottini, presidente da Varig. Para ele, qualquer decisão sobre a aérea precisará passar pela Deloitte, administradora judicial, e pela Justiça do Rio porque a Varig está em recuperação judicial.
Antes da proposta da VarigLog, o plano de recuperação da Varig previa a criação de um FIP (Fundo de Investimento e Participação) Controle. Os credores converteriam suas dívidas em ações e a FRB reduziria sua participação para 5%. A saída da FRB do controle sempre foi uma das premissas exigidas pelo governo para qualquer ajuda à empresa. As alterações no plano precisam ser aprovadas pelos credores em assembléia na próxima segunda para que a Varig possa ir a leilão.
Segundo Bottini, a empresa vai oferecer debêntures (títulos de dívida), imóveis e parte dos créditos das ações que move contra a União e os Estados como garantias aos credores. Segundo relato de fontes envolvidas no negócio, o executivo Lap Chan, do fundo de investimento Matlin Patterson, que participa da VarigLog, disse aos credores que a Varig opera com 13 aviões e que somente 1.500 dos 10 mil funcionários deverão ser absorvidos pela nova Varig. A VarigLog já contratou uma empresa especializada em montar rotas para aéreas, a Seabury, que está sondando arrendadores para ver quais estão dispostos a negociar.


Colaborou MAELI PRADO , da Reportagem Local


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