São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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EUA socorrem empresas de hipotecas

Plano anunciado ontem prevê ajuda financeira a Fannie Mae e Freddie Mac e que o governo possa comprar suas ações

Empresas, que possuem ou garantem metade das hipotecas do país, poderão tomar emprestado dinheiro do Fed a juros mais baixos


STEPHEN LABATON
DO "NEW YORK TIMES'

Alarmado com o acentuado desgaste de confiança nas duas maiores empresas de crédito hipotecário dos EUA, o governo Bush pediu ontem ao Congresso para aprovar um pacote de socorro que lhe autorizará a comprar bilhões de dólares em ações da Fannie Mae e da Freddie Mac e também emprestar às companhias para suprir suas necessidades de financiamento em curto prazo.
Segundo o plano, anunciado ontem pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, após um fim de semana de discussões com outras autoridades sobre a crise, as duas empresas poderão tomar dinheiro emprestado com taxa de juros mais baixas do Fed (o BC dos EUA).
Mais amplo que o esperado por analistas, o anúncio ocorreu antes da abertura dos mercados asiáticos, em tentativa de reduzir perdas das empresas e do mercado em razão das preocupações com os resultados das empresas hipotecárias e, conseqüentemente, com a estabilidade da economia em geral.
O plano pede que o Congresso dê ao governo autorização nos próximos dois anos para comprar uma quantidade não-especificada de ações das duas companhias. No período, o plano permitiria que as duas companhias tenham maior acesso a recursos do Tesouro, expandindo suas linhas de crédito.
Cada companhia tem hoje uma linha de crédito de US$ 2,25 bilhões, definida quase 40 anos atrás pelo Congresso. Na época, a Fannie tinha cerca de US$ 15 bilhões em dívidas a pagar. Hoje tem uma dívida total de aproximadamente US$ 800 bilhões, enquanto a Freddie deve cerca de US$ 740 bilhões.
Hoje as duas companhias também detêm ou garantem hipotecas avaliadas em mais de US$ 5 trilhões no país.
Como parte do plano, o governo também pedirá que o Congresso aumente o limite da dívida nacional. E que o Congresso dê ao Fed participação na definição de regras sobre o tamanho das reservas de capital que cada empresa deve ter.

Recado ao mercado
Dar ao Fed um papel de consultor na supervisão das companhias é visto como mais uma maneira de tranqüilizar os mercados nervosos.
O governo Bush espera que o Congresso aprove rapidamente o novo plano, como parte da medida para ajudar o mercado habitacional e reformular as normas de Fannie Mae e Freddie Mac. Na sexta, o Senado aprovou a medida, e a Câmara espera discuti-la nesta semana.
O anúncio do plano no início da noite de ontem teve a intenção de enviar um forte sinal aos mercados de que o governo apóia as duas empresas.
Durante o fim de semana, autoridades graduadas do Tesouro e do Federal Reserve monitoraram de perto os preparativos para que a Freddie Mac levantasse dinheiro para ajudar suas necessidades de fundos em curto prazo. Autoridades passaram o sábado e o domingo sendo informadas sobre o apetite de Wall Street por uma oferta de dívida de US$ 3 bilhões pela Freddie Mac que estava marcada para hoje.
As autoridades disseram estar observando para avaliar se as fortes quedas das ações das duas empresas na semana passada poderiam contagiar o mercado de dívida e minar a confiança dos credores.
A Fannie Mae e a Freddie Mac tornaram-se centrais para os mercados de habitação do país. Elas compram hipotecas de bancos e outros credores, seguram algumas delas e vendem outras na forma de títulos lastreados por hipotecas. Juntas, elas possuem ou garantem cerca da metade das hipotecas dos Estados Unidos.
Nos últimos meses, as ações das duas companhias despencaram quando uma onda de execuções de hipotecas erodiu a confiança nas mesmas.


Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

Com o "Financial Times"


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