São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Governo economiza no juro para pagar salário

Apesar de o Brasil estar se saindo bem da crise, ainda que a recuperação seja lenta, o governo está fazendo uma política anticíclica na direção errada. Para se contrapor à queda da demanda, o governo está aumentando os gastos com salários, quando as opções mais recomendáveis seriam as de ampliar o investimento e desonerar a carga tributária.
O diagnóstico é do economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e consultor da Tendências. De acordo com ele, ao adotar essa política, o governo está armando uma grande bomba-relógio que irá explodir nas mãos do próximo governo.
Normalmente, o governo usa como desculpa o fato de o mundo inteiro, a começar pelos Estados Unidos, o epicentro da crise, também estar adotando a mesma estratégia, mas Loyola observa que as coisas não são bem assim.
Ninguém, afinal, está combatendo a crise com o aumento de salários. Tampouco nenhum economista no mundo recomendou essa estratégia.
"Nenhum país está aumentando o funcionalismo como resposta à crise. Essa é mais uma política jabuticaba", afirma Loyola. "O pior é que toda a economia que está se fazendo com a queda de juros está se gastando com aumento de salário", diz.
Para Loyola, essa política adotada pelo governo vai dificultar a manutenção da trajetória da queda de juros, o que vai fazer com que o país continue com taxas muito altas em relação ao resto do mundo. Não é só esse fator que faz com que o país ainda conviva com juros elevados, mas certamente o desequilíbrio fiscal é um elemento importante.
O grande problema, de acordo com Loyola, é que o risco dessa política para o curto prazo é muito pequeno. Não há nenhuma luz vermelha acesa na trajetória da relação dívida/ PIB até o próximo ano, mas, para o médio e o longo prazo, a situação pode ser preocupante.
"O pior é que não estamos nem no ano eleitoral ainda."

PASSO LARGO

Uma das grandes vítimas da crise, a indústria de calçados -com o mercado interno retraído e perda acumulada de 21,5 milhões de pares exportados nos primeiros cinco meses do ano- espera que a feira Francal seja o início de sua retomada. Para estimular os negócios no evento, que começa hoje, em São Paulo, os organizadores patrocinaram a vinda de cem lojistas brasileiros e de 50 compradores internacionais para a feira. Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal, afirma que a nova coleção, de primavera e verão, vai impulsionar o reaquecimento. "A crise afetou não apenas a indústria, mas também o comércio. Ela ainda não passou, mas as vendas já reagiram nos últimos dois meses", diz.

NA MESA

A restauratrice Ida Maria Frank, sócia do italiano Due Cuochi, abre hoje seu projeto francês, o Le Marais Bistrot, no Itaim Bibi, em São Paulo. O cardápio é assinado pelo chef Wagner Resende, que por anos comandou a cozinha do Brasserie como subchefe de Erick Jacquin, com supervisão de Ida Maria.

MOVIMENTO
A Ideiasnet nomeará Alexandra de Haan como sua nova diretora financeira.

TURISTA
Os investimentos em tecnologia do mercado de viagens e turismo devem crescer mais de 12% ao ano até 2011, segundo estudo da Amadeus sobre agências de viagem na América Latina.

CONTROLE REMOTO
A reunião de ontem para decidir se João Dória substituirá Roberto Justus no programa "O Aprendiz" não foi conclusiva. O martelo será batido na próxima semana.

CIMENTO
Até o mês de junho, a linha de crédito Construcard com recursos da Caixa Econômica Federal registrou crescimento de 427,95% com relação ao mesmo período do ano passado. Foi contratado um volume superior a R$ 1,69 bilhão.

BARALHO
A brasileira Copag se tornou fornecedora oficial de baralhos para os torneios da PokerStars.net, um dos maiores sites de pôquer do mundo, com 15 milhões de jogadores cadastrados. Com isso, a Copag passa a estar presente em torneios na Europa, na América e na Ásia.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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