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Para Lula, demissão no fisco foi precipitada
Planalto avalia que saída da atual secretária da Receita só deveria ter sido concretizada após escolha de um substituto
Governo queria desvincular demissão de Lina Maria Vieira de teses sobre suposta ingerência política e não dar fôlego à CPI da Petrobras
Lula Marques - 31.jul.2008/Folha Imagem
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Guido Mantega e Lina Vieira na posse dela, em julho de 2008; vazamento da demissão irritou Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula criticou
reservadamente seu ministro
Guido Mantega (Fazenda) por
causa do vazamento da demissão da secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, antes
da escolha de seu sucessor.
A decisão da saída de Lina estava tomada desde o início da
semana passada, mas ainda não
havia sido anunciada exatamente pela falta de um nome
substituto que combinasse conhecimento técnico com jogo
de cintura político.
Dentro do governo, a avaliação é a de que Mantega conduziu a troca de forma errada. Deveria ter conversado com a secretária apenas quando já tivesse escolhido seu sucessor e
montado uma nova equipe, pelo menos com os assessores
mais importantes.
A preocupação é que a substituição atabalhoada dê mais fôlego para a oposição, que instalará hoje, no Congresso, uma
CPI para apurar irregularidades na Petrobras (leia mais no
caderno Brasil). A secretária bateu de frente com a estatal ao
questionar um procedimento
contábil que permitiu reforçar
o caixa da empresa com cerca
de R$ 4 bilhões.
Tudo o que o governo queria
era desvincular a saída da secretária de teses sobre possível
ingerência política no fisco. As
sucessivas quedas na arrecadação eram a justificativa que
mais agradava ao governo e ajudariam tornar a substituição
mais tranquila.
Vazamento
Na última quinta-feira, Mantega informou Lina sobre a decisão de tirá-la do cargo. O vazamento da demissão da secretária, porém, provocou um movimento contrário por parte de
seus subordinados mais próximos. Sete dos dez superintendentes ameaçam entregar o
cargo se a demissão não for revertida.
Os auxiliares diretos da secretária, contudo, já davam ontem como certa sua saída, pensando, inclusive, na forma como será a feita a transição para
a nova administração. Ligados
ao movimento sindical, eles temem que o substituto de Lina
seja ligado ao ex-secretário
Jorge Rachid.
A pressão levou o ministro da
Fazenda a evitar confirmar a
saída da secretária. "Não tenho
obrigação de confirmar nada",
disse o ministro.
Questionado se o presidente
Lula está insatisfeito com a arrecadação federal, Mantega
respondeu que Lula só teceu
elogios à equipe econômica,
mais uma vez evitando falar sobre a Receita Federal.
"O presidente não reclamou.
Só parabenizou a equipe econômica e disse que está satisfeito com o resultado [da economia]", disse o ministro, ao final
da reunião ministerial realizada ontem com o presidente.
Fritura
A assessoria de imprensa do
Ministério da Fazenda limitou-se, ao longo de todo o dia, a informar que não havia posição
oficial do governo sobre o assunto, aumentando o constrangimento e a fritura da atual secretária.
A própria Lina deu sinais de
que não pretende sair como
"incompetente". Desde a semana passada, assim que foi avisada de que seria substituída, a
secretária prepara um levantamento sobre as ações na sua
gestão.
O documento servirá para rebater as críticas sobre a suposta
paralisação da Receita Federal
e quedas nas receitas em função de problemas administrativos dentro do órgão. Segundo a
Folha apurou, a ideia é reunir
dados para derrubar a tese de
que a demissão teve apenas
motivos técnicos.
Ontem, a secretária passou o
dia reunida com seus assessores mais próximos trabalhando
no balanço que será entregue a
Mantega. Hoje, ela deverá se
reunir com o ministro.
LEIA MAIS sobre a CPI da
Petrobras em Brasil
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