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Analistas já vêem queda dos juros nos EUA
Redução da taxa norte-americana deve estimular o fluxo de dólares para os países emergentes, entre os quais o Brasil
Entre as razões para o fim
do ciclo de altas promovido pelo Fed está a pressão deflacionária da barata mão-de-obra chinesa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Analistas afirmam se preparar para o fim da alta de juros
nos Estados Unidos. E há quem
já projete uma futura queda da
taxa básica da economia norte-americana.
"A discussão agora é para
quanto vai cair a taxa de juros
nos Estados Unidos, em 2007",
diz Paulo Tenani, estrategista
do UBS Wealth Management.
Mesmo que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)
volte a subir mais 0,25 ponto
percentual, o banco estrangeiro não alterará a previsão
agressiva de juros a 4%, ou
4,25%, no final de 2007.
Quanto menor a taxa nos
EUA, maior é a atratividade de
aplicações externas, e, portanto, o fluxo em dólares para
emergentes, como o Brasil.
Segundo o estrategista, o
mundo não agüenta taxas reais
muito altas. Mas a principal razão para a queda dos juros são
as forças deflacionárias por
causa da China, onde há excesso de mão-de-obra. Há uma
pressão para não subir salário e
custos, caso contrário, empresas transferem sua produção
para se valer de mão-de-obra
mais barata.
O que poderá "modificar o
desejo do Fed de ficar parado"
serão os indicadores de atividade, caso se mostrem mais vigorosos que o previsto, segundo
relatório da equipe econômica
do Bradesco. A taxa de juros de
5,25% pode ser suficiente, "se o
PIB cair para abaixo do potencial (que deve estar em 3%)".
Emergentes
Para Tenani, a desaceleração
norte-americana pode se mostrar forte, e há riscos de recessão. Mas o UBS não trabalha
com um cenário muito pessimista para a economia global.
"Deverá haver um rebalanceamento. Europa e Japão vão
pegar um pouco desse crescimento, que ocorria nos Estados
Unidos, e os emergentes também." Segundo o estrategista, a
demanda de commodities deverá continuar positiva.
"Países desenvolvidos crescem a metade dos emergentes.
Se esses crescerem o dobro, haverá uma compensação [para a
desaceleração dos EUA]", diz
Tenani. Pelos cálculos do UBS,
com dados do FMI, os emergentes, incluindo a China, representam 19% do PIB mundial. À Europa corresponde
uma fatia de 22%, enquanto os
EUA respondem por 28%.
Mantida a demanda por
commodities e o alto diferencial entre os juros que o Brasil
paga e os praticados no exterior, o fluxo de dólares deverá
crescer, avalia Tenani.
"O dólar vai acabar derrubando a taxa Selic para 10% no
fim de 2007, é inexorável", destaca o analista. "O quanto pode
cair depende de quanto o país
paga lá fora em dólares. O Brasil paga 6,8% em dólares no exterior, e aqui, atualmente,
14,75%. Uma taxa de 10%, que é
cerca de 45% a mais do que se
paga fora, na dívida externa soberana, compensa os custos e
todo o risco de investir no mercado doméstico."
Segundo Tenani, a Selic, nesse que seria o menor patamar
da história recente do país, não
embute o risco de bolha especulativa no mercado de dólar,
com enfraquecimento do real,
nem pressões inflacionárias,
como aconteceu em 2002.
No México, não compensa
tomar risco cambial, diz, porque o diferencial de juros pagos
pelo país é muito pequeno: 7%
na taxa doméstica e 6,8% fora.
"Estamos recomendando
que investidores entrem cada
vez mais no Brasil em renda fixa, depois em crédito, renda variável, imóveis, que no Brasil é
mais arriscado que ações, private equity e venture cap, que
devem crescer nos próximos
cinco anos", diz.
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