São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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análise

Pré-sal tem peso político para Dilma e Lula

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além dos argumentos técnicos e econômicos que o governo sustenta no debate público para justificar a mudança das regras de exploração de petróleo, um ingrediente político-eleitoral terá peso na decisão sobre o destino da riqueza dos poços da camada pré-sal.
O uso social dos recursos do ouro negro descoberto na costa brasileira vitaminará politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Lula deixará o poder ao final de 2010, antes da exploração em larga escala do pré-sal. Daí a conveniência de ficar com a marca de padrinho das novas regras ainda em seu mandato.
A madrinha Dilma fortalecerá a pretensão de disputar a Presidência em 2010. Para Lula, Dilma é a melhor candidata para ganhar ou para perder -em virtude de sua provável fidelidade no exercício futuro do poder e do empenho em defender o governo numa fracassada campanha presidencial.
Para quem está fazendo uma discussão técnica recente, Lula e Dilma usam frases de evidente cunho político quando falam do pré-sal.
Anteontem, o presidente disse que as riquezas do pré-sal não ficarão "na mão de meia dúzia de empresas" e que serão usadas para "resolver definitivamente os problemas da educação". Ontem, Dilma seguiu o chefe. Afirmou que o país será "capaz de transformar essa riqueza num grande benefício para a sua população".
Ministros e estrategistas políticos do PT que apóiam o projeto presidencial de Dilma vêem uma excelente oportunidade de discurso político contra a oposição em 2010. Por ora, Dilma não tem um bom desempenho nas pesquisas sobre sucessão. O governador de São Paulo, o oposicionista e tucano José Serra, é o atual líder nos levantamentos. Aliado de Lula, o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB) aparece em segundo lugar.
Nas palavras de um auxiliar de Lula, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é a "vitrine" para tornar Dilma conhecida. Já o pré-sal, diz ele, poderá ser o "palanque" em 2010. Um estrategista político do PT diz que Dilma, por ser ex-ministra de Minas e Energia, tem afinidade técnica com a área energética. E isso, afirma, facilita a tarefa de Lula de ligá-la "positivamente" ao pré-sal. É o movimento que o presidente já vem fazendo.


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