São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Setor de cartões teme proposta de regulação

Associação diz que mudança terá custos significativos para empresas e trará poucos benefícios para consumidores

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A proposta do governo de regular a indústria de cartões de crédito e débito deixou o setor apreensivo. Embora não manifeste críticas à idéia, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) argumenta que a regulação exigirá das companhias um significativo custo de adaptação e resultará em pouco ganho de eficiência ou benefício para os consumidores.
Conforme a Folha noticiou na segunda-feira, o Banco Central pretende tomar medidas para combater o oligopólio no setor e promover a unificação do sistema e o compartilhamento de máquinas de cobrança -o que desobrigaria os estabelecimentos de manter vários terminais, um para cada tipo de cartão. O BC também quer ser reconhecido por lei como regulador desse mercado.
"Não é algo que se faz por decreto. É preciso antes criar um modelo econômico e tecnológico para isso. A curto e médio prazos, é inviável. E é preciso cuidado para não errar a mão", diz o diretor de comunicação da Abecs, Marcelo Noronha.
A proposta traz dois desafios, um de ordem jurídica e outro de ordem operacional, afirma o diretor. Primeiramente, seria preciso criar um novo marco legal para trazer ao abrigo do BC um setor não-financeiro, como é o caso das credenciadoras -responsáveis por fornecerem aos comerciantes a estrutura de cobrança com os cartões. Elas não obedecem a nenhum tipo de regulamentação específica. Hoje, segundo a Abecs, há quatro grandes credenciadoras no país. "Assim como as montadoras e as teles, esse é um setor concentrado mundialmente porque depende de escala", diz Noronha.
O outro desafio seria garantir o compartilhamento das máquinas para que cada terminal opere com todos os cartões. De acordo com a Abecs, a mudança na plataforma demandaria um investimento que ainda não foi calculado. Outro problema seria definir a forma como as empresas dividiriam os custos de criação de uma plataforma comum.
Noronha diz encarar a proposta do BC com "tranqüilidade", mas ressalta que o setor não enfrenta "mau funcionamento" ou "deficiência" que justifique uma regulação.

Resultados
O setor de cartões obteve em julho a melhor marca do ano em número de transações. No mês passado, foram registrados 508 milhões de operações, aumento de 21% em relação a julho de 2007, segundo a Abecs. Já o valor transacionado no período chegou a R$ 31,7 bilhões.
O resultado é fruto da maior utilização do plástico como meio de pagamento e da entrada de mais gente no mercado.


Texto Anterior: Wal-Mart vai investir R$ 1,8 bi no Brasil
Próximo Texto: Venezuela: Chávez quer parceria com brasileiros na agroindústria
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.