São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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Bancos priorizam diretores na participação de lucros

Repasse para funcionários em geral cai em 2007 e aumenta quatro vezes para executivos

Instituições pagaram aos funcionários R$ 2,63 bi em PLR e em bonificação, ou 5,5% dos ganhos; em 2006, volume chegou a 8,8% do lucro

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano em que os bancos ampliaram seus lucros em 55% e atingiram o montante recorde de R$ 47,427 bilhões, o repasse de participação dos ganhos para os funcionários em geral chegou a encolher, segundo o relatório social da Febraban.
Mas o mesmo não aconteceu com o pagamento de bônus pelo cumprimento -ou a superação- de metas dos diretores estatutários, cujo volume cresceu quatro vezes -passou de R$ 30,7 milhões para R$ 155 milhões de 2006 para 2007.
O relatório divulgado ontem mostra que os bancos pagaram aos funcionários cerca de R$ 2,629 bilhões em PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e em bonificação -5,5% do total dos ganhos. Em 2006, esse volume foi maior, de R$ 2,686 bilhões -o correspondente a 8,8% do total de lucros.
Segundo o relatório, o número de beneficiários dos programas de remuneração variável também encolheu em 2007, para 323,5 mil beneficiários, de um total de 430 mil funcionários. Em 2006, os beneficiários computados pelo relatório da Febraban eram 414,2 mil.
Para Luiz Claudio Marcolino, presidente do sindicato dos bancários, a distribuição nos lucros do setor prioriza os diretores em detrimento dos demais funcionários. "Não é uma distribuição de lucro igualitária. Há diretor que recebe R$ 3 milhões e o bancário [médio] ganha até dois salários. Nossa campanha deste ano propõe que os bancos distribuam três salários, sem teto ou limitador. Queremos também que o bancário receba cerca de 5% da receita de serviços", disse.
Hoje, os bancários têm teto para PLR de R$ 11.652 e um limite de 15% do lucro liquido.Segundo José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador técnico do Dieese, o setor bancário é um dos que mais distribuem participação nos lucros e nos resultados financeiros -só perdem para os petroleiros e alguns setores dos metalúrgicos. Ele afirma que uma das razões é a organização da categoria, que tem convenção nacional. A outra é que os bancos estão entre os setores que mais lucraram nos últimos anos.
"O setor bancário deveria pagar muito mais, não só pelo que eles lucram mas também pelo que os bancários geram em termos de receita."
No total, os bancos empregam 430 mil funcionários, sendo 51,3% homens e 48,7% mulheres. No ano passado, a participação de mulheres cresceu um ponto percentual, sendo que o número de executivas em cargos de diretoria foi ampliado em 3,6 pontos percentuais.
Só as 15 maiores instituições empregam 5.971 pessoas com alguma deficiência, cerca de 1,3% do total -0,3 ponto a mais do que em 2006. Pela lei de cotas, deverão chegar a 5%.
Mais da metade dos funcionários dos bancos tem curso superior -45,1% com algum diploma de graduação e 9,4% com pós-graduação. Do total de empregados, só 23,3% têm apenas o ensino médio ou profissionalizante.


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