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FILOSOFIA
Em debate no BNDES, Malan cita Marx, diz que não é contra o Estado e que acha bobagem definir o que é política industrial
Malan diz que não é e nunca foi neoliberal
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Fazenda, Pedro
Malan, disse ontem que não é
nem nunca foi neoliberal e citou
Karl Marx, o "pai" das teorias comunistas, para afirmar que a realidade não é como as pessoas gostariam que fosse.
"Nós não somos neoliberais.
Nunca fomos. Nós, por exemplo,
defendemos que uma economia
em desenvolvimento tem que ter
um Estado eficiente. E um Estado
eficiente do tamanho que seja necessário para que seja eficiente. O
Estado pode ser pequeno e eficiente, médio e eficiente, enorme
e eficiente. Ou pode ser enorme e
ineficiente", afirmou.
As afirmações do ministro foram feitas no final de um painel
presidido por ele no seminário
"Novos Rumos do Desenvolvimento no Mundo", promovido
pelo BNDES. Os três palestrantes
do painel e um dos dois debatedores haviam criticado com veemência a globalização e políticas
ditas neoliberais, como a idéia de
um Estado mínimo.
Em citação que envolveu também nome do ex-ministro do Planejamento Celso Furtado, que
acabara de ser homenageado na
sessão, Malan disse que "o mundo, infelizmente, não é aquele que
gostaríamos que fosse", destacando o título de um livro de Furtado,
"A Fantasia Organizada".
Em seguida Malan afirmou que
Furtado, um economista de pensamento identificado com as correntes de esquerda, "é leitor de
Marx" e que sabe que o sociólogo
alemão pensou sobre o ideal e o
possível, lembrando o "18 Brumário de Luiz Bonaparte", de Marx,
sobre o fato de os homens fazerem a própria história, mas não
nas condições em que escolhem e
sob o peso do passado.
O ministro disse que considera
"uma bobagem perder tempo em
definir o que é política industrial",
um dos temas favoritos dos críticos do neoliberalismo. Para Malan, quando faz seus empréstimos
o BNDES está fazendo "política
de investimentos" e criticou as
antigas câmaras setoriais que, segundo ele, funcionavam muitas
vezes como instrumentos de
"acesso privilegiado a certas instâncias do poder público".
Metas estruturais
O presidente do BC (Banco
Central), Armínio Fraga, que
também participou do seminário,
disse, sem citar nomes, que "vem
sendo amadurecida nas discussões no Brasil" a adoção de "metas estruturais", como a necessidade de um superávit fiscal sustentável que assegure um tendência decrescente da relação entre a
dívida pública e o PIB.
Armínio disse que o maior desafio para o próximo governo na
área econômica é conseguir que o
assuntos como inflação e contas
públicas "saiam das primeiras páginas dos jornais" e que o governo
possa montar uma estratégia de
desenvolvimento "sem cair nas
armadilhas que uma história
bem-sucedida nos deixou".
Essas armadilhas teriam sido
geradas na industrialização brasileira. Essas estruturas, diz Armínio, às vezes dificultam uma mudança de mentalidade quando se
pensa em partir para um modelo
baseado na produtividade.
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