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Papéis na Bovespa emitidos no exterior
são investigados, e sua legislação é revista
DA REPORTAGEM LOCAL
Três, dos oito BDRs (recibos
emitidos na Bolsa brasileira
por empresas sediadas no exterior) em negociação na Bovespa, estão sendo investigados
pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). São elas Laep,
Dufry e Agrenco.
O valor desse tipo de papel
também caiu de maneira geral,
desde que o escândalo da
Agrenco estourou, em junho. A
Polícia Federal prendeu três
executivos da empresa, sob a
acusação de manipulação de
balanços financeiros.
Com o episódio, ficou claro
para os investidores que a CVM
tem menor poder de fiscalização sobre os BDRs.
"Ao emitir o título no país, a
empresa se submete à nossa legislação e será punida de acordo com o que ela determina",
diz Marcos Barbosa Pinto, diretor da CVM. "A mesma regra,
no entanto, não se aplica à lei
societária. Nesse caso, os acionistas estão submetidos às leis
do país em que a empresa foi
constituída."
O escritório Stacchini Advogados analisou os estatutos das
empresas donas de BDRs e os
comparou às regras do Novo
Mercado e à Lei das S.A. A conclusão é que os acionistas,
atraídos por promessas de menor tributação em empresas
geralmente sediadas em paraísos fiscais, correm mais riscos.
O levantamento analisou os
estatutos da Laep, GP, Tarpon,
Agrenco, Dufry e Cosan. Entre
outras coisas, os estatutos prevêem que os administradores
podem ser ressarcidos pela
própria companhia, caso sejam
obrigados a pagar indenizações
judiciais. A regra não vale caso
seja provado dolo ou fraude dos
gestores, mas entra em vigor
em decisões equivocadas de investimento ou estratégia.
A CVM trabalha atualmente
na revisão das regulamentações que incidem sobre BDRs.
A intenção inicial do órgão era
fazer com que só empresas com
atividades -e não apenas sedes- no exterior pudessem
emitir BDRs. "Só que a maior
parte dos investimentos em
BDRs é feita por investidores
qualificados, que sabem avaliar
a legislação a que estão se submetendo", diz Pinto.
Segundo Frederico Stacchini, o escritório tem sido procurado por investidores que querem ser ressarcidos de prejuízos com BDRs. "Para quem não
conhece a Justiça de Bermudas, fica sempre a incógnita sobre o que pode acontecer", diz
Stacchini.
(CB)
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