São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Pânico pode estar no fim, afirma Loyola

Depois de semanas de pânico, o dia de ontem deu um novo ânimo ao mercado. Embaladas pela euforia dos pacotes de nacionalização do sistema financeiros dos países europeus, as Bolsas subiram com força no mundo inteiro e os investidores ficaram com a impressão de que o pior já tinha passado.
O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências, Gustavo Loyola, por exemplo, acredita que os pacotes de salvamento anunciados até agora pelos Estados Unidos e pelos países europeus têm força suficiente para diminuir sensivelmente o estado de pânico que predominou nos mercados nas últimas semanas.
"O que os governos e os Bancos Centrais fizeram foi tirar o bode da sala", diz Loyola. "A munição dos governos foi muito pesada."
O fato de o clima de pânico diminuir de intensidade com todas essas medidas de salvamento do setor financeiro não significa, no entanto, na opinião de Loyola, que a crise tenha terminado. A partir de agora, ela terá outros desdobramentos, principalmente sobre a economia real.
A volatilidade tende a continuar, mas talvez não mais de forma tão brusca.
O ex-BC Gustavo Loyola elogia as medidas adotadas até agora pelo Banco Central para o combate aos efeitos da crise no Brasil, principalmente as que se referem à liberalização do compulsório.
Ele acha, no entanto, que o BC poderia agir com um pouco mais de vigor no câmbio. Segundo ele, o Banco Central deveria usar mais as reservas para baixar o dólar, senão, nesse patamar, o câmbio pode gerar problemas inflacionários.
Mesmo assim, Loyola afirma que, numa hora de indefinição como essa, seria um erro o Banco Central aumentar o juro na próxima reunião do Copom. O ideal seria uma parada técnica para avaliar a tendência da economia.
"O GPS da economia está quebrado."

PRATA DA CASA
Em meio à turbulência do mercado financeiro, as ações da ALL (América Latina Logística) têm se destacado. Após registrar o melhor desempenho na semana passada entre as 66 ações que compõem o Ibovespa, os papéis da empresa encerraram o pregão de ontem com valorização de 15,34%. "Temos R$ 2,5 bilhões em caixa. Não faz sentido diminuir nossos investimentos", diz Bernardo Hees, presidente da ALL, que viu a queda acumulada dos papéis da empresa no ano como oportunidade para retomar neste mês o programa de recompra das ações.

BOLSA SEM BRILHO
A queda do Ibovespa no ano reduziu o interesse pela Bolsa. Gabriel Leal, diretor da XP Educação, da corretora XP, notou uma queda pela metade no ritmo de expansão das matrículas de cursos sobre o tema -de 100%, em 2007, para 50% hoje. "A pessoa física ainda investe na alta", diz Leal, que criou um ciclo de palestras sobre oportunidade na crise.

ALÔ
Guido Mantega estava exultante ontem. Depois da reunião do G20, o presidente Lula ligou duas vezes para o ministro da Fazenda. Na primeira, no domingo à noite, Mantega estava comprando uns livros da Barnes & Nobles. Lula pediu um relato da reunião do G20 e da situação mundial. E, ontem de manhã, ligou de novo para cumprimentá-lo pela sua participação na reunião.

CAUTELA

CONSULTA AO SERVIÇO DE PROTEÇÃO A CRÉDITO REGISTRA ALTA
As consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), registraram alta de 1,4% entre os dias 1º e 12 de outubro, em relação a igual período do ano passado. Segundo a ACSP, esse desempenho se deve ao susto que as turbulências das Bolsas deram no consumidor, em um período muito próximo do Dia da Criança. A associação afirma que espera que o desempenho das vendas melhore até o final deste mês.

FURACÃO
Além do furacão no mercado financeiro, Guido Mantega teve que enfrentar ontem à noite outra tormenta nos EUA. Sua volta para o Brasil estava prevista para ontem à noite, mas teve que ser adiada. A ameaça de furacões se formando no Caribe impediu que o ministro embarcasse no aeroporto de Washington. Ele deve retornar ao Brasil hoje pela manhã, se o tempo melhorar.

CONTRAMÃO
Apesar do agravamento da crise, a oferta de crédito da Caixa não se desacelerou neste mês. Um dos motivos é que o banco manteve as taxas de juros e prazos praticados antes da crise. Até o dia 10, a Caixa captou R$ 500 milhões na poupança e R$ 159 milhões no CDB, volume maior que o do mesmo período de setembro.

CANADENSE
A Ford lança amanhã no Canadá o Ford Edge, primeiro veículo produzido no país e vendido no Brasil. Focada no segmento de luxo, a montadora vai importar 1.200 unidades do modelo até o final deste ano.

BONJOUR
Cem empresários franceses se reunirão com 400 brasileiros de diversos setores de 10 a 14 de novembro, em SP e no Rio. Iniciativa da embaixada da França, o objetivo é estreitar o comércio entre os países, principalmente entre pequenas e médias empresas. O evento é um pré-lançamento do ano da França no Brasil, realizado entre abril e novembro de 2009.

TARIFA LIVRE
A liberdade tarifária para vôos internacionais deve ser votada pela diretoria da Anac nas próximas semanas. Hoje, a tarifa é livre só em vôos para a América do Sul.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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