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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Pânico pode estar no fim, afirma Loyola
Depois de semanas de pânico, o dia de ontem deu um novo
ânimo ao mercado. Embaladas
pela euforia dos pacotes de nacionalização do sistema financeiros dos países europeus, as
Bolsas subiram com força no
mundo inteiro e os investidores ficaram com a impressão de
que o pior já tinha passado.
O ex-presidente do Banco
Central e sócio da Tendências,
Gustavo Loyola, por exemplo,
acredita que os pacotes de salvamento anunciados até agora
pelos Estados Unidos e pelos
países europeus têm força suficiente para diminuir sensivelmente o estado de pânico que
predominou nos mercados nas
últimas semanas.
"O que os governos e os Bancos Centrais fizeram foi tirar o
bode da sala", diz Loyola. "A
munição dos governos foi muito pesada."
O fato de o clima de pânico
diminuir de intensidade com
todas essas medidas de salvamento do setor financeiro não
significa, no entanto, na opinião de Loyola, que a crise tenha terminado. A partir de agora, ela terá outros desdobramentos, principalmente sobre
a economia real.
A volatilidade tende a continuar, mas talvez não mais de
forma tão brusca.
O ex-BC Gustavo Loyola elogia as medidas adotadas até
agora pelo Banco Central para
o combate aos efeitos da crise
no Brasil, principalmente as
que se referem à liberalização
do compulsório.
Ele acha, no entanto, que o
BC poderia agir com um pouco
mais de vigor no câmbio. Segundo ele, o Banco Central deveria usar mais as reservas para
baixar o dólar, senão, nesse patamar, o câmbio pode gerar
problemas inflacionários.
Mesmo assim, Loyola afirma
que, numa hora de indefinição
como essa, seria um erro o Banco Central aumentar o juro na
próxima reunião do Copom. O
ideal seria uma parada técnica
para avaliar a tendência da economia.
"O GPS da economia está
quebrado."
PRATA DA CASA
Em meio à turbulência do mercado financeiro, as ações
da ALL (América Latina Logística) têm se destacado.
Após registrar o melhor desempenho na semana passada
entre as 66 ações que compõem o Ibovespa, os papéis da
empresa encerraram o pregão de ontem com valorização
de 15,34%. "Temos R$ 2,5 bilhões em caixa. Não faz sentido diminuir nossos investimentos", diz Bernardo Hees,
presidente da ALL, que viu a queda acumulada dos papéis
da empresa no ano como oportunidade para retomar neste mês o programa de recompra das ações.
BOLSA SEM BRILHO
A queda do Ibovespa no ano reduziu o interesse pela Bolsa. Gabriel Leal, diretor da XP Educação, da corretora XP,
notou uma queda pela metade no ritmo de expansão das matrículas de cursos sobre o tema -de 100%, em 2007, para
50% hoje. "A pessoa física ainda investe na alta", diz Leal,
que criou um ciclo de palestras sobre oportunidade na crise.
ALÔ
Guido Mantega estava exultante ontem. Depois da reunião
do G20, o presidente Lula ligou
duas vezes para o ministro da
Fazenda. Na primeira, no domingo à noite, Mantega estava
comprando uns livros da Barnes & Nobles. Lula pediu um
relato da reunião do G20 e da
situação mundial. E, ontem de
manhã, ligou de novo para
cumprimentá-lo pela sua participação na reunião.
CAUTELA
CONSULTA AO SERVIÇO DE PROTEÇÃO A CRÉDITO REGISTRA ALTA
As consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao
Crédito), da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), registraram alta de 1,4% entre os dias 1º e 12 de outubro, em
relação a igual período do ano passado. Segundo a ACSP, esse desempenho se deve ao susto que as turbulências das Bolsas deram no consumidor, em um período muito próximo do
Dia da Criança. A associação afirma que espera que o desempenho das vendas melhore até o final deste mês.
FURACÃO
Além do furacão no mercado
financeiro, Guido Mantega teve
que enfrentar ontem à noite
outra tormenta nos EUA. Sua
volta para o Brasil estava prevista para ontem à noite, mas
teve que ser adiada. A ameaça
de furacões se formando no Caribe impediu que o ministro
embarcasse no aeroporto de
Washington. Ele deve retornar
ao Brasil hoje pela manhã, se o
tempo melhorar.
CONTRAMÃO
Apesar do agravamento da
crise, a oferta de crédito da Caixa não se desacelerou neste
mês. Um dos motivos é que o
banco manteve as taxas de juros e prazos praticados antes da
crise. Até o dia 10, a Caixa captou R$ 500 milhões na poupança e R$ 159 milhões no CDB,
volume maior que o do mesmo
período de setembro.
CANADENSE
A Ford lança amanhã no Canadá o Ford Edge, primeiro veículo produzido no país e vendido no Brasil. Focada no segmento de luxo, a montadora vai
importar 1.200 unidades do
modelo até o final deste ano.
BONJOUR
Cem empresários franceses
se reunirão com 400 brasileiros de diversos setores de 10 a
14 de novembro, em SP e no
Rio. Iniciativa da embaixada da
França, o objetivo é estreitar o
comércio entre os países, principalmente entre pequenas e
médias empresas. O evento é
um pré-lançamento do ano da
França no Brasil, realizado entre abril e novembro de 2009.
TARIFA LIVRE
A liberdade tarifária para
vôos internacionais deve ser
votada pela diretoria da Anac
nas próximas semanas. Hoje, a
tarifa é livre só em vôos para a
América do Sul.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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