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Bolsas disparam com socorro
de US$ 2,5 tri
Governos anunciam ajuda maciça e mercados recuperam parte das perdas; Bovespa sobe 14,6% e Dow Jones, 11%
BCs europeus liberam ainda recursos ilimitados para estimular bancos a retomarem crédito, mas setor segue travado
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
As Bolsas de Valores emergiram da profunda fossa em que
mergulharam na sexta-feira
para uma exuberante euforia,
com altas tão espetaculares como haviam sido as quedas na
semana passada.
A Bolsa de São Paulo foi a que
teve a subida mais forte entre
as grandes, com 14,66%.
O mapa das Bolsas tingiu-se
de verde da Ásia às Américas,
passando por uma Europa em
transe, a ponto de tanto a Bolsa
de Madri como a de Paris terem
registrado a maior alta da história em um só dia (10,65% na
Espanha e 11,18% na França).
Na Alemanha, o índice fechou 11,40% acima do de sexta-feira, nível parecido com o Dow
Jones de Nova York (11,08%).
A euforia é óbvia conseqüência da catarata de pacotes de
auxílio dos governos ao setor financeiro, completados ontem
por França e Alemanha. No total, serão impressionantes US$
2,546 trilhões disponíveis para
socorrer os mercados, calcula o
jornal britânico "Financial Times". Equivale a duas vezes e
meia tudo o que o Brasil produz
de bens e serviços em um ano (o
Produto Interno Bruto).
Não termina aí: os bancos
centrais da Inglaterra, da Suíça
e o Europeu, que cobre os 15
países da zona do euro, anunciaram antes de os mercados
abrirem que colocariam recursos ilimitados à disposição dos
bancos, em ação coordenada
com o Fed, o BC americano.
Os bancos poderiam "tomar
empréstimos de qualquer
quantidade que desejarem em
troca das adequadas garantias
em cada jurisdição", afirmou o
comunicado dos BCs.
A Euribor, a taxa de juros em
euros usada nos empréstimos
entre bancos, sofreu a maior
queda desde janeiro. Baixou
para 5,42%.
Mas a queda embute duas
más notícias: primeiro, foi microscópica (0,064% em relação
aos 5,489% da sexta-feira).
Segundo: está muito acima
da taxa de outubro de 2007
(4,647%) e igualmente muito
acima da taxa para as demais
operações, reduzida na semana
passada, na Europa, para
3,75%. Explicou o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, ao
lançar o pacote de ajuda aos
bancos: "Com medo de emprestar para instituições que
podem quebrar, os bancos estão mantendo a liquidez para si
próprios, e o dinheiro não estava mais circulando".
O pacote, como o dos demais
países, visa precisamente "criar
condições para que [o dinheiro]
seja de novo movimentado",
disse Sarkozy.
Destravar o crédito intra-bancos é o primeiro passo para
que o desbloqueio se estenda ao
conjunto da economia.
Com esse objetivo, o Banco
Central brasileiro anunciou
ontem novas medidas de relaxamento dos depósitos compulsórios dos bancos que podem injetar até R$ 106 bilhões
no sistema financeiro nacional.
Já o dólar caiu 7,3% e fechou
cotado a R$ 2,145.
Pelos números, dá para dizer
que os pacotes detiveram ontem o pânico que precipitava
"as vendas a qualquer preço",
conforme análise do Iedi (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial).
Assim mesmo, resta ver se
ontem não foi apenas um daqueles dias em que os investidores vão às compras com fome, ante a redução brutal dos
preços de ações nos últimos 12
meses.
Se evitaram um novo banho
de sangue nas Bolsas, os pacotes ainda não produziram retomada da confiança suficiente
para destravar o mercado de
crédito. O que talvez se explique pelo fato óbvio de que os
imponentes US$ 2,546 trilhões
foram anunciados, mas ainda
não desembolsados.
O governo dos EUA deve
anunciar hoje injeção de US$
250 bilhões em bancos do país
-trata-se da primeira parcela
dos US$ 700 bilhões aprovados
pelo Congresso no começo do
mês para adquirir partes de instituições grandes e pequenas.
Embaladas pelo desempenho de ontem, as principais
Bolsas asiáticas abriram o pregão de hoje em alta. O índice
Nikkei, de Tóquio, subiu mais
de 10% na sua primeira hora.
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