São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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Mantega vê PIB de 4,5% em 2009 e manutenção de meta fiscal

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que é possível o Brasil crescer 4,5% em 2009 e que o país manterá para o ano que vem a meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida) de 4,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Mantega também revelou a investidores ontem em Washington que o Brasil já queimou US$ 3 bilhões em reservas internacionais para conter a desvalorização do real.
"Me descuidei e o (Henrique) Meirelles (presidente do BC) gastou", disse, em tom de brincadeira, durante palestra na Brazilian-American Chamber of Commerce de Nova York. Nem Meirelles ou o BC haviam divulgado o valor gastos nas intervenções no câmbio.
Mantega disse ainda que não há fortes pressões de alta do dólar no mercado à vista. "Numa primeira intervenção, vendemos US$ 1 bilhão. Na outra, a demanda caiu para US$ 300 milhões. Na seguinte, para 20 milhões."
Confrontado com um pessimismo maior de investidores em relação ao desemprenho do Brasil no ano que vem, o ministro disse que não estava sendo "otimista, mas realista". "Quem faz projeções (para o Brasil) de 2% a 2,5% está muito envolvido com o clima de pessimismo dos países desenvolvidos. Não é factível. Só os mais de 5% de crescimento neste ano jogam um bom impulso para 2009."
Alguns investidores demostraram preocupação com o aumento dos gastos públicos e com uma possível deterioração do equilíbrio fiscal caso a economia desacelere muito e o país passe a arrecadar menos impostos. "A arrecadação não será igual, mas continuará crescendo com a formalização da economia brasileira", disse.
Mantega afirmou ainda que a receita de impostos cresce hoje ao ritmo de 18% ao ano, e que o dos gastos do governo estaria em 11%. "Mesmo que a receita caia, há espaço. Se algum ajuste for necessário, será no custeio, pois o Brasil terá um comportamento fiscal exemplar neste ano e no próximo", disse.
Mantega voltou a repetir que o Brasil e os demais emergentes podem ser beneficiados pela atual crise, que afeta mais diretamente os países ricos. Ele disse que o Brasil está até mais sólido do que outros emergentes, "que a Índia, por exemplo".
Ele disse que a presença do presidente dos EUA, George W. Bush, na reunião do G20 (grupo dos países emergentes do qual o Brasil e Índia fazem faz parte), no sábado, foi um reconhecimento da importância das economias em desenvolvimento. "Pelo menos foi isso o que eu entendi das piscadinhas que ele (Bush) me deu", afirmou Mantega sobre a reunião.


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