São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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análise

Mercado tem dúvida se recurso virará crédito

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As novas medidas do BC para suprir os problemas de liquidez no sistema financeiro foram elogiadas ontem, mas há dúvidas se o dinheiro liberado conseguirá retomar as operações de crédito, que secaram nos últimos dias.
Com a crise internacional, os bancos elevaram sua necessidade de dinheiro em caixa para honrar eventuais compromissos próprios e dos clientes. Segundo Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings, até agora a maior parte do empréstimo compulsório liberado foi parar no caixa dos bancos.
"O que adianta liberar mais o compulsório se o banco vai colocar todo o dinheiro no seu caixa? Alguns bancos compraram carteiras e procuram ocupar espaço de bancos pequenos. Outros estão com mais medo da crise e sentam sobre o dinheiro. Isso só vai melhorar se a situação externa mudar."
No final do dia, o dinheiro que sobra acaba voltando para o BC por meio dos empréstimos de um dia, o over.
Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, afirmou que a redução do compulsório é a melhor saída para uma crise de liquidez, mas ressalva que não há garantias de que os grandes bancos vão emprestar esses recursos para os pequenos e médios. "O compulsório no Brasil é muito alto e tem de ser reduzido. É uma tentativa do BC de incentivar o empréstimo aos bancos pequenos. Não significa que vá ter sucesso."
Para Alexandre Jorge Chaia, especialista em risco do Ibmec-SP, se o BC continuar derrubando o compulsório vai acabar "afogando" os bancos em liquidez. "Vai chegar um momento em que esse excesso de dinheiro vai fazer os bancos voltarem a emprestar. Do contrário, ele perde por só receber o juro dos títulos públicos."
Giuliano Contento de Oliveira, pesquisador da Unicamp, concorda que os bancos grandes estão "empoçando" o dinheiro, mas aposta que as novas medidas vão estimular os empréstimos entre os bancos.
O economista-chefe do Itaú, Tomás Málaga, negou que os grandes bancos estejam "empoçando" dinheiro. Segundo ele, as instituições de todos os portes irão se beneficiar das medidas. Málaga justifica que os bancos maiores também sofreram com a restrição do crédito externo.


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