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análise
Mercado tem dúvida se recurso virará crédito
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As novas medidas do BC
para suprir os problemas de
liquidez no sistema financeiro foram elogiadas ontem,
mas há dúvidas se o dinheiro
liberado conseguirá retomar
as operações de crédito, que
secaram nos últimos dias.
Com a crise internacional,
os bancos elevaram sua necessidade de dinheiro em
caixa para honrar eventuais
compromissos próprios e
dos clientes. Segundo Luis
Miguel Santacreu, analista
da Austin Ratings, até agora a
maior parte do empréstimo
compulsório liberado foi parar no caixa dos bancos.
"O que adianta liberar
mais o compulsório se o banco vai colocar todo o dinheiro no seu caixa? Alguns bancos compraram carteiras e
procuram ocupar espaço de
bancos pequenos. Outros estão com mais medo da crise e
sentam sobre o dinheiro. Isso só vai melhorar se a situação externa mudar."
No final do dia, o dinheiro
que sobra acaba voltando para o BC por meio dos empréstimos de um dia, o over.
Carlos Thadeu de Freitas,
ex-diretor do BC, afirmou
que a redução do compulsório é a melhor saída para uma
crise de liquidez, mas ressalva que não há garantias de
que os grandes bancos vão
emprestar esses recursos para os pequenos e médios. "O
compulsório no Brasil é muito alto e tem de ser reduzido.
É uma tentativa do BC de incentivar o empréstimo aos
bancos pequenos. Não significa que vá ter sucesso."
Para Alexandre Jorge
Chaia, especialista em risco
do Ibmec-SP, se o BC continuar derrubando o compulsório vai acabar "afogando"
os bancos em liquidez. "Vai
chegar um momento em que
esse excesso de dinheiro vai
fazer os bancos voltarem a
emprestar. Do contrário, ele
perde por só receber o juro
dos títulos públicos."
Giuliano Contento de Oliveira, pesquisador da Unicamp, concorda que os bancos grandes estão "empoçando" o dinheiro, mas aposta
que as novas medidas vão estimular os empréstimos entre os bancos.
O economista-chefe do
Itaú, Tomás Málaga, negou
que os grandes bancos estejam "empoçando" dinheiro.
Segundo ele, as instituições
de todos os portes irão se beneficiar das medidas. Málaga
justifica que os bancos maiores também sofreram com a
restrição do crédito externo.
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