São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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Bovespa avança 14,66% no melhor pregão desde 1999

Em sintonia com a disparada do mercado mundial, Bolsa retorna aos 40 mil pontos

Nenhum papel do Ibovespa caiu e vários subiram mais de 20%; analista diz que euforia não deve ser vista como mudança de rumo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de tanto cair, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu ontem ter seu melhor pregão desde janeiro de 1999. Amparada em um cenário de recuperação internacional, a Bovespa disparou 14,66% e voltou a ficar acima dos 40 mil pontos.
O dólar se depreciou 7,30%, e encerrou vendido a R$ 2,145.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subiu 11,08%.
Todas as 66 ações que estão na composição do índice Ibovespa (a principal referência da Bolsa paulista) encerraram o pregão com ganhos ontem. E muitos papéis tiveram valorizações superiores a 20%.
O Ibovespa fechou a 40.829 pontos. Assim, apesar da alta expressiva de ontem, a Bolsa ainda tem queda de 17,59% neste mês. No ano, a baixa acumulada está em 36,09%. E desde seu pico, os 73.516 pontos registrados em 20 de maio, as perdas acumuladas chegam a 44,46%.
"Tivemos um dia de euforia, mas não se deve pensar que as coisas mudaram de uma hora para outra. É melhor pensar em um dia de cada vez. As medidas anunciadas no fim de semana permitiram que houvesse uma recuperação, mas ainda há muita coisa para acontecer", afirma Luiz Roberto Monteiro, assessor para investimentos da corretora Souza Barros.
A ação coordenada dos governos de países da Europa, para tentar salvar o sistema financeiro de um colapso, foi uma das novidades recebidas com animação pelos investidores.
Nas próximas semanas, os balanços das empresas referentes ao terceiro trimestre, tanto no exterior como aqui, podem ser importantes definidores dos rumos dos mercados. Ninguém sabe com certeza o impacto da crise no resultado final das companhias. E balanços decepcionantes tendem a abalar o mercado acionário.
Para uma recuperação mais sustentada da Bovespa, será fundamental o regresso do capital externo para o mercado local. Com participação de 35% no total de operações feitas, a saída dos estrangeiros da Bovespa nos últimos meses foi decisiva para a depreciação do mercado acionário brasileiro. Até o dia 9, as vendas de ações pelos estrangeiros na Bovespa batiam as compras em R$ 1,86 bilhão. É o quinto mês seguido em que as operações dos investidores estrangeiros registram saldo negativo.
"Apesar da melhora no clima do mercado, não acredito que os estrangeiros retornem expressivamente no curto prazo", afirma Monteiro.

Em disparada
Com as ações depreciadas, não faltaram valorizações muito expressivas no pregão da Bovespa de ontem.
No topo, ficou o papel preferencial da Ultrapar, que disparou 31,13%. Com a alta, o papel recuperou toda a queda acumulada na semana passada, que ficou em 28,20%.
Outras altas fortes ficaram com os papéis ordinários do frigorífico JBS, que subiram 27,24%, após terem recuado 29,44% na última semana. Logo atrás apareceu B2W Varejo ON (26,10%).
As instituições financeiras, beneficiadas ontem pela nova medida do Banco Central, que liberará mais recursos para empréstimo, também foram destaque. Dentre os grandes bancos, o papel preferencial do Itaú subiu 23,37%, seguido por Unibanco UNT (22,76%), Bradesco PN (22,12%) e Banco do Brasil ON (20,71%).


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