|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Krugman ganha o Nobel de Economia
Crítico da administração Bush e colunista do "New York Times", economista recebeu prêmio por teoria sobre comércio
Segundo Real Academia Sueca de Ciências, prêmio é pelas suas pesquisas econômicas, e não pelos seus comentários políticos
DA ASSOCIATED PRESS
Paul Krugman, acadêmico da
Universidade Princeton, colunista do "New York Times" e de
posições mais à esquerda, recebeu ontem o Prêmio Nobel de
Economia por sua análise de
como as economias de escala
podem afetar os padrões do comércio internacional.
Krugman tem feito críticas
contundentes à administração
de George W. Bush e ao Partido
Republicano no "New York Times", onde escreve uma coluna
regular e tem blog (krugman.blogs.nytimes.com).
Ele também cobrou a responsabilidade da administração Bush pelo derretimento financeiro atual, atribuindo a
crise que ameaça a economia
global de recessão a sua busca
da desregulamentação e à políticas fiscais sem restrições.
Krugman, que talvez seja
mais conhecido do público como colunista que como economista, também vem se manifestando fortemente contra
John McCain durante o derretimento econômico, dizendo
que o candidato presidencial
republicano "é mais assustador
agora do que era algumas semanas atrás". Ele também ironizou os republicanos, dizendo
que estão se convertendo no
"partido da estupidez".
Tore Ellingsen, um dos
membros do comitê do Nobel,
reconheceu que Krugman é
"formador de opiniões", mas
acrescentou que ele está sendo
homenageado por suas pesquisas econômicas, e não pelos
seus comentários políticos.
"Damos atenção unicamente
aos méritos científicos", disse.
Krugman, 55, que não é afeito a moderar suas opiniões, já
comparou a crise financeira
atual à devastação dos anos
1930. "Estamos testemunhando uma crise que é tão grave
quanto a crise que atingiu a
Ásia na década de 1990. Esta
crise guarda alguma semelhança com a Grande Depressão."
Mas ele estava otimista
quando ao esforço global para
estancar a hemorragia financeira. "Estou um pouco menos
apavorado hoje [ontem] do que
estava na sexta-feira."
A Real Academia Sueca de
Ciências elogiou Krugman por
formular uma nova teoria para
responder a perguntas sobre o
livre comércio e disse que sua
teoria inspirou um campo de
pesquisas enorme. Pelo prêmio, ele receberá 10 milhões de
coroas suecas (US$ 1,4 milhão).
"Quais são os efeitos do livre
comércio e da globalização?
Quais são as forças que movem
a urbanização mundial? Paul
Krugman formulou uma teoria
nova para responder essas perguntas", disse a Academia.
"Com isso, ele integrou os campos de pesquisa antes díspares
do comércio internacional e da
geografia econômica."
Krugman obteve seu bacharelado na Universidade Yale
em 1974 e em 1977 recebeu um
Ph.D. do MIT. Além de lecionar
em Yale e no MIT, deu aulas na
Universidade Stanford.
A citação do Nobel disse que
a abordagem de Krugman é baseada na premissa de que muitos bens e serviços podem ser
produzidos a um custo menor
em uma série longa -conceito
conhecido como economia de
escala. Sua pesquisa mostrou
os efeitos disso sobre os padrões comerciais.
"A teoria do comércio, assim
como boa parte da ciência econômica, antigamente era discutida no contexto da concorrência perfeita: milhares de
agricultores e milhares de consumidores encontrando-se
num mercado", com a oferta e a
demanda regendo os preços,
disse Avinash Dixit, professor
de Princeton especializado em
teoria comercial.
Pouco a pouco as pessoas começaram a entender que as
condições do mercado são menos que perfeitas, e o número
pequeno de empresas em alguns setores criava algumas
economias de escala que modificavam a equação comercial.
"Krugman foi o principal
responsável por juntar toda a
teoria, reconhecer sua importância para o mundo real e produzir uma grande ampliação da
teoria do comércio internacional", afirmou Dixit.
Krugman apresentou sua
teoria do comércio em 1979. O
artigo postulou que, pelo fato
de os consumidores quererem
uma diversidade de produtos e
de a economia de escala baratear a produção, muitos países
podem fabricar um produto como o automóvel. Um país pode
fabricar suas marcas próprias
de veículos tanto para exportação como para a venda interna,
e, ao mesmo tempo, importar
carros de outros países.
Leia cobertura do Nobel
www.folha.com.br/082873
Texto Anterior: Petróleo: Goldman agora vê barril a US$ 75 no próximo ano Próximo Texto: Artigo: Gordon Brown foi no cerne do problema Índice
|