São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REVISÃO DO ACORDO

Integrante da missão do Fundo confirma reunião com equipe de transição para a semana que vem

FMI vê números bons nas contas externas

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O FMI (Fundo Monetário Internacional) avalia que os números do balanço de pagamentos (principal medida da vulnerabilidade externa da economia) do Brasil estão muito bons e que a redução da dependência de capital estrangeiro é um êxito muito grande e bastante importante para a revisão do acordo fechado com o país em agosto passado.
"Os números do balanço de pagamentos estão muito bons, muito bons", disse Lorenzo Perez, que integra a equipe técnica do Fundo. Perez, que já foi coordenador de missões negociadoras no Brasil, deu a declaração após reuniões no Banco Central.
Segundo ele, está havendo uma forte correção no balanço de pagamentos -a necessidade de financiamento externo caiu consideravelmente nos últimos meses. "Isso é muito importante, obviamente levaremos isso em consideração [para a revisão do acordo]. É um êxito muito importante", disse Perez, pouco antes de entrar no Planalto, onde a equipe se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente.
À noite, após nova reunião no Ministério da Fazenda, ele disse que foram analisados cenários econômicos. Segundo ele, a economia brasileira deverá crescer entre 1% e 1,5% neste ano.
Estiveram nas reuniões no BC o chefe da missão, Jorge Marquez-Ruarte, e outros técnicos do FMI. As reuniões foram com técnicos dos departamentos de Estudos e Pesquisas (Depep) e Econômico (Depec) do BC.
Questionado se já estavam previstas reuniões, na próxima semana, com representantes da equipe de transição do governo eleito, Perez respondeu que sim, sem no entanto detalhar o dia do encontro já agendado.
Segundo o chefe do Depec, Altamir Lopes, foram apresentados aos técnicos do Fundo os últimos dados e projeções oficiais do balanço de pagamentos (saldo das trocas comerciais e financeiras do país com o mundo). No Depep, o tema foi metas de inflação e o comportamento dos preços. Perez disse que a inflação está muito alta, mas que não há risco de descontrole neste ano.
Impulsionado pelo dólar, o saldo comercial subiu consideravelmente nos últimos meses, o que tem reduzido a dependência brasileira de capital estrangeiro. No final de 2001, a estimativa do governo era um superávit comercial de US$ 5 bilhões e um déficit no balanço de pagamentos de US$ 20,6 bilhões para este ano.
Depois de várias revisões, o governo espera agora para 2002 um superávit comercial de US$ 11 bilhões e um déficit no balanço de pagamentos de mesmo montante. Para 2003, as projeções são ainda melhores. O governo espera um superávit comercial de US$ 15 bilhões e um déficit no balanço de pagamentos de US$ 9 bilhões.
Para o FMI, esse indicador é muito importante porque, quanto menor a necessidade de financiamento externo, maior a capacidade de um país de honrar seus compromissos.
Hoje cedo, eles viajam ao Rio para se reunir com o presidente do BC, Armínio Fraga.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Agora vai?: Argentina espera fechar seu acordo hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.