São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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AGORA VAI?

Segundo o governo, negociações estão adiantadas; dívida com Banco Mundial vence hoje

Argentina espera fechar seu acordo hoje

Evan Vucci/Associated Press
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, chega ao aeroporto de Dulles, Virgínia (EUA), para reunião com o FMI


DE BUENOS AIRES

O governo argentino esperava poder anunciar hoje o novo acordo do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O ministro da Economia do país, Roberto Lavagna, iniciou no final da tarde de ontem as últimas reuniões com os técnicos do Fundo e a expectativa era que ele se reunisse também com a vice-diretora-gerente, Anne Krueger.
O secretário Guillermo Nielsen (Finanças), que negocia com os técnicos do FMI desde terça-feira, afirmava ontem que "as negociações evoluíram bastante". O funcionário argentino chegou a insinuar que não havia mais objeções técnicas a um novo acordo. Segundo Nielsen, as dúvidas que ainda existiam eram "questão de opinião". "Eles [os funcionários do FMI] vêem o copo meio vazio. Nós, cheio."
Segundo Nielsen, o governo argentino não havia decidido ainda se pagaria ou não a dívida de US$ 800 milhões com o Banco Mundial. Mas na Argentina o consenso é que o presidente Eduardo Duhalde acabará decidindo pelo pagamento hoje, com reservas internacionais.
A posição inicial do governo argentino era que não usaria as reservas para pagar a dívida, que seria quitada apenas se fosse fechado um acordo com o Fundo. Mas como o acordo sairá, na hipótese mais otimista, hoje, quando vence a dívida, Duhalde preferiria pagar o Banco Mundial e não correr o risco de perder uma das últimas fontes de financiamento externo que restaram ao governo. Desde que declarou moratória da dívida com credores privados, no final de 2001, a única fonte de financiamento externo para o país são os organismos oficiais de crédito.
Especula-se na Argentina que o presidente não pode arriscar sofrer sanções do Banco Mundial, porque parte do programa de subsídios a famílias desempregadas criado por ele depende dos empréstimos já programados pelo organismo.
A resistência em usar as reservas se devia ao receio de Lavagna de que uma queda brusca no nível de divisas levasse ao descontrole do câmbio. Mas a avaliação de economistas é que há espaço para uma redução. Mesmo com o pagamento, as reservas não baixariam para menos do que US$ 9 bilhões, o piso recomendado pelo FMI. (MARCELO BILLI)


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