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Preço de veículos usados recua em outubro
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços dos carros usados
na Grande São Paulo caíram
0,94%, em média, em outubro,
na comparação com setembro,
segundo levantamento da
agência AutoInforme e da Molicar, especializada em pesquisas de preços de veículos.
A queda nos preços dos veículos -a maior verificada neste
ano- é reflexo da diminuição
da oferta de crédito, da elevação das taxas de juros e do aumento dos estoques como efeito da crise financeira global. De
janeiro a outubro deste ano, a
retração nos preços dos veículos usados foi de 0,24%.
"O mercado de carros usados
já tinha sido muito afetado pela
facilidade na compra de carros
novos. Antes do agravamento
da crise os preços desses veículos já mostravam retração, mas,
em outubro, a situação ficou
ainda pior", afirma Vitor Meizikas Filho, consultor da Molicar.
Em junho, julho e setembro
os preços dos automóveis usados tinham caído sobre os meses anteriores -a queda registrada foi de 0,08%, 0,61% e
0,32%, respectivamente.
No primeiro semestre deste
ano, segundo ele, de cada dez
carros vendidos, sete eram financiados. "Isso mudou. O consumidor percebe que o lojista
hoje tem estoque e quer barganhar preço. Aliás, existe gordura nos preços dos veículos, que
deverão cair ainda mais."
Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação
que reúne as montadoras, afirma que a dificuldade para obter
financiamento pressiona a
queda de preços de carros usados e novos. "Esse é o melhor
momento para compra de veículos, principalmente de carros
usados. As barganhas hoje são
fantásticas", diz Schneider.
Na tentativa de evitar prejuízos, vários lojistas afirmam que
estão vendendo veículos usados entre R$ 3.000 e R$ 5.000
mais baratos. Elissandro Pereira Mesquita, gerente da Rommer Multimarcas, uma das 37
lojas instaladas no Auto Shopping Anhaia Mello, diz que as
vendas "despencaram" em outubro, quando foram vendidos
27 carros. Em agosto, segundo
ele, a loja vendeu 58 veículos.
"Estamos vivendo uma situação parecida com a que ocorreu
com o Plano Collor, quando os
financiamentos eram restritos.
O empréstimo sai para o consumidor que comprova renda cinco vezes maior do que o valor da
prestação. Como essa restrição
para vender a prazo, o jeito é diminuir os preços para tentar
vender à vista", diz Mesquita.
Os carros importados usados
ficaram 0,58% mais baratos em
outubro na comparação com
setembro, segundo o levantamento. No acumulado do ano, a
queda foi de 6,82%.
Para atrair os clientes, vários
lojistas da região da Anhaia
Mello informaram que os preços de importados usados foram reduzidos "significativamente". Um Citröen C3 ano
2006, por exemplo, que era
vendido por R$ 35 mil em agosto passou a custar R$ 30 mil em
novembro, segundo afirma
Mesquita, da Rommer.
Preços mantidos
Os preços dos importados
novos não devem mudar nos
próximos 90 dias, apesar da alta do dólar. Em reunião anteontem na Abeiva (Associação
Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), 14 marcas decidiram
não alterar suas tabelas de preços até janeiro. A manutenção
no preço ocorre porque os estoques estão altos e parte dos carros à disposição hoje dos clientes foi importada com o dólar
na faixa de R$ 1,60 a R$ 1,80.
Em outubro, as vendas de
importados caíram 26% em relação a setembro. Seis em cada
dez importados são vendidos
de forma financiada, de acordo
com a associação de importadoras de veículos.
Carros novos
Os preços dos carros novos
subiram 0,23% em outubro, segundo pesquisa da AutoInforme e da Molicar com cerca de
200 revendas. No ano, o carro
novo encareceu 2,27%.
"Como as montadoras têm
de cumprir metas, mostrar
bons resultados às matrizes e
baixar seus estoques, a tendência é que até o final do ano o
preço dos carros novos caiam e
mais descontos sejam oferecidos em promoções e feirões",
afirma o consultor David
Wong, da Kaiser Associates.
Na avaliação da Molicar, para
evitar que os preços dos carros
novos despenquem, as montadoras deverão estender os prazos de férias coletivas para reduzir a produção e os estoques.
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