São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Preço de veículos usados recua em outubro

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços dos carros usados na Grande São Paulo caíram 0,94%, em média, em outubro, na comparação com setembro, segundo levantamento da agência AutoInforme e da Molicar, especializada em pesquisas de preços de veículos.
A queda nos preços dos veículos -a maior verificada neste ano- é reflexo da diminuição da oferta de crédito, da elevação das taxas de juros e do aumento dos estoques como efeito da crise financeira global. De janeiro a outubro deste ano, a retração nos preços dos veículos usados foi de 0,24%.
"O mercado de carros usados já tinha sido muito afetado pela facilidade na compra de carros novos. Antes do agravamento da crise os preços desses veículos já mostravam retração, mas, em outubro, a situação ficou ainda pior", afirma Vitor Meizikas Filho, consultor da Molicar.
Em junho, julho e setembro os preços dos automóveis usados tinham caído sobre os meses anteriores -a queda registrada foi de 0,08%, 0,61% e 0,32%, respectivamente.
No primeiro semestre deste ano, segundo ele, de cada dez carros vendidos, sete eram financiados. "Isso mudou. O consumidor percebe que o lojista hoje tem estoque e quer barganhar preço. Aliás, existe gordura nos preços dos veículos, que deverão cair ainda mais."
Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras, afirma que a dificuldade para obter financiamento pressiona a queda de preços de carros usados e novos. "Esse é o melhor momento para compra de veículos, principalmente de carros usados. As barganhas hoje são fantásticas", diz Schneider.
Na tentativa de evitar prejuízos, vários lojistas afirmam que estão vendendo veículos usados entre R$ 3.000 e R$ 5.000 mais baratos. Elissandro Pereira Mesquita, gerente da Rommer Multimarcas, uma das 37 lojas instaladas no Auto Shopping Anhaia Mello, diz que as vendas "despencaram" em outubro, quando foram vendidos 27 carros. Em agosto, segundo ele, a loja vendeu 58 veículos.
"Estamos vivendo uma situação parecida com a que ocorreu com o Plano Collor, quando os financiamentos eram restritos. O empréstimo sai para o consumidor que comprova renda cinco vezes maior do que o valor da prestação. Como essa restrição para vender a prazo, o jeito é diminuir os preços para tentar vender à vista", diz Mesquita.
Os carros importados usados ficaram 0,58% mais baratos em outubro na comparação com setembro, segundo o levantamento. No acumulado do ano, a queda foi de 6,82%.
Para atrair os clientes, vários lojistas da região da Anhaia Mello informaram que os preços de importados usados foram reduzidos "significativamente". Um Citröen C3 ano 2006, por exemplo, que era vendido por R$ 35 mil em agosto passou a custar R$ 30 mil em novembro, segundo afirma Mesquita, da Rommer.

Preços mantidos
Os preços dos importados novos não devem mudar nos próximos 90 dias, apesar da alta do dólar. Em reunião anteontem na Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), 14 marcas decidiram não alterar suas tabelas de preços até janeiro. A manutenção no preço ocorre porque os estoques estão altos e parte dos carros à disposição hoje dos clientes foi importada com o dólar na faixa de R$ 1,60 a R$ 1,80.
Em outubro, as vendas de importados caíram 26% em relação a setembro. Seis em cada dez importados são vendidos de forma financiada, de acordo com a associação de importadoras de veículos.

Carros novos
Os preços dos carros novos subiram 0,23% em outubro, segundo pesquisa da AutoInforme e da Molicar com cerca de 200 revendas. No ano, o carro novo encareceu 2,27%.
"Como as montadoras têm de cumprir metas, mostrar bons resultados às matrizes e baixar seus estoques, a tendência é que até o final do ano o preço dos carros novos caiam e mais descontos sejam oferecidos em promoções e feirões", afirma o consultor David Wong, da Kaiser Associates.
Na avaliação da Molicar, para evitar que os preços dos carros novos despenquem, as montadoras deverão estender os prazos de férias coletivas para reduzir a produção e os estoques.


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