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Governo estuda adotar novas medidas de socorro, diz Lula
Presidente afirma que discutirá com Mantega mais ações para ajudar setores em dificuldade
"Vamos tomar as medidas cabíveis para que o medo psicológico deixe de tomar conta das pessoas, e elas voltem a comprar", disse
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
O governo estudará novas
medidas de socorro a empresas
para combater a falta de liquidez no mercado e evitar que os
possíveis danos da crise financeira acabem gerando uma onda de desemprego.
A intenção foi manifestada
ontem pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que destacou a importância de preservar
a saúde dos setores automobilístico e da construção civil.
O presidente disse que se
reunirá hoje em Washington
com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, com quem discutirá a possibilidade de novas
ações. "Vamos tomar [as decisões] à medida que os segmentos da economia brasileira
apresentarem concretamente
problemas", disse Lula.
O presidente explicou que os
setores "prioritários" são o da
indústria automobilística, pelo
peso "na cadeia produtiva e no
PIB [Produto Interno Bruto]
industrial", e o da construção
civil, "pela importância que
tem na geração de emprego".
No último dia de sua passagem de cinco dias pela Itália, o
presidente voltou a alertar para
o perigo de a economia ser contaminada pelo medo causado
pela crise financeira. O presidente listou uma série de medidas tomadas pelo governo para
evitar que a crise paralise a economia, mas afirmou que conter
o "pânico psicológico" está fora
de seu alcance.
"Se todo dia falarmos de crise
e criarmos terrorismo, o que
acontece? O consumidor que
estava querendo comprar um
carro, uma geladeira, ou uma
televisão [muda de idéia]", disse Lula. "Na hora em que o consumidor pára de comprar, aí a
crise começa a chegar à economia real".
Irrigação
Entre as medidas tomadas
pelo governo para estimular a
economia, Lula citou o aporte
de recursos para que o BNDES
financie grandes empresas, a
ajuda para a indústria automobilística e a injeção de crédito
com as mudanças no recolhimento do imposto compulsório
"para que o sistema financeiro
tenha dinheiro para irrigar o
crédito na economia".
Segundo o presidente, o governo tem recebido sinais das
empresas de que os seus investimentos já programados serão
mantidos. Garantiu que o mesmo ocorrerá com os projetos do
governo, como as obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) e os planos da
Petrobras em pesquisa e prospeção de petróleo.
"Vamos acompanhar a crise
diariamente e, à medida que for
necessário, ajudar este ou
aquele setor da economia", disse o presidente, pouco antes de
embarcar rumo a Washington.
"Vamos tomar as medidas cabíveis para que o medo psicológico deixe de tomar conta das
pessoas, e as pessoas voltem a
comprar. Se a gente parar, a crise chega de verdade."
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