São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Cresce procura por financiamento do BNDES

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A escassez de crédito no setor privado impulsionou a procura por financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nos últimos três meses, as consultas aumentaram 40% e somaram R$ 52 bilhões. Elas são a primeira etapa do trâmite para pedir empréstimo e funcionam como termômetro da disposição do empresariado em realizar investimentos.
De janeiro a outubro, o banco teve desembolso recorde de R$ 71,5 bilhões, patamar 44% maior do que o de igual período de 2007. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estima chegar ao final do ano com recursos liberados de R$ 90 bilhões. Caso a previsão se confirme, o banco crescerá 38,7% ante 2007 e terá praticamente dobrado o volume de desembolsos na comparação com 2005.
Para Coutinho, os dados reforçam que o investimento continua em alta, o que deve se refletir no PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre. Segundo ele, a crise não chegou ao BNDES. "O apetite do setor privado está mantido, não há pé no freio", disse. Nos últimos 12 meses, o banco emprestou R$ 86,6 bilhões.
Segundo Coutinho, o aumento é resultado do volume maior de investimentos no setor de infra-estrutura e também do deslocamento da demanda do setor privado para o banco. De acordo com ele, o crédito no mercado internacional representava entre 15% e 20% da capacidade de refinanciamento de grandes empresas.
O banco negocia mais recursos para o orçamento de 2009. Segundo Coutinho, a idéia é diversificar a origem do dinheiro, mas ele diz que sem o apoio do Tesouro não será possível fechar o "hiato de recursos".

Linhas de transmissão
O leilão de linhas de transmissão do rio Madeira, marcado para o dia 26, será o primeiro a contar com empréstimo-ponte do BNDES. A medida faz parte de um pacote anunciado semana passada, em que foi estabelecida injeção de R$ 10 bilhões para o BNDES. Os recursos serão usados em empréstimos-ponte, capital de giro e apoio a linha de pré-embarque.
Segundo Coutinho, o objetivo é assegurar demanda firme no leilão e tarifas módicas. O empréstimo terá condições de mercado, com juros elevados de 14,5% mais 1,3% de "spread" básico (diferença entre a taxa de captação e a repassada ao cliente) e mais o spread de risco, com prazo de 18 meses.
O presidente do banco diz que já tem equacionados R$ 4 bilhões dos R$ 10 bilhões anunciados pelo governo em negociações com o Banco do Brasil e a Caixa. A tendência é que os R$ 6 bilhões restantes venham dos dois bancos. Ele disse que espera que não seja necessário o uso de títulos públicos. O banco deve realizar empréstimos-ponte nos próximos leilões de infra-estrutura enquanto o crédito não estiver normalizado.


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