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Slim eleva para US$ 10 bi a oferta pela TIM Brasil
Dono da Telmex tinha feito lance de US$ 8 bi; proposta ganha força na Telecom Italia
Escândalos envolvendo a operadora italiana podem apressar negócio, mas conselho da tele está dividido sobre operação
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O mexicano Carlos Slim, dono da Telmex e da Claro, subiu
há dois dias sua proposta à Telecom Italia pela TIM Brasil,
segunda maior operadora de
telefonia móvel do país.
O lance, segundo apurou a
Folha com fontes européias ligadas à operadora italiana, passou de US$ 8 bilhões para algo
próximo a US$ 10 bilhões.
A Telecom Italia é dona da
TIM e da Brasil Telecom, concessionária responsável pela
telefonia fixa das regiões Norte,
Centro-Oeste e Sul.
A nova proposta de Slim foi
considerada atraente pelo acionista majoritário da Telecom
Italia, Marco Tronchetti Provera, antes resistente à venda da
TIM Brasil.
Provera tem apoio de apenas
parte do conselho, cujos interesses estão divididos em relação ao futuro da Telecom Italia
no Brasil e no mundo. A empresa, controlada pela Pirelli, acumula dívidas de 39,5 bilhões
e enfrenta uma série de investigações em seu país de origem,
onde a polícia e o Ministério
Público investigam o envolvimento de funcionários da tele
em suposta espionagem e venda de informações confidenciais de mais de 2.000 pessoas.
Diante de tantos problemas,
é incerto o futuro da Telecom
Italia, quinta maior operadora
da Europa. A primeira hipótese
é a venda de todas as operações
móveis da companhia. Enfrenta, porém, grande resistência.
Os italianos consideram a tele
um símbolo de seu país, assim
como a Pirelli, e o governo, de
centro-esquerda, abarcou a tese de que haverá demissões em
caso de venda. Assim, apóia a
parte do conselho que está arregimentando os sindicatos locais contra o negócio.
A segunda possibilidade é a
venda de apenas parte dos ativos, como, por exemplo, os brasileiros. A TIM atua no Brasil
todo - inclusive São Paulo, região tida como o "filé mignon"
do setor, pois combina a maior
riqueza e a maior demanda.
Se conseguir comprar a TIM
Brasil, cenário que parece estar
se desenhando, Carlos Slim terá consolidado sua posição no
país, onde já é dono da Embratel, da Claro e de parte da Net,
empresa de TV a cabo.
Há, todavia, obstáculos para
a estratégia do mexicano: a
Brasil Telecom, a outra empresa na qual a Telecom Italia tem
participação. A empresa idealizou uma modelagem de negócio diferente para comprar a
TIM Brasil e aliou-se à espanhola Telefónica para o lance.
A idéia consiste em dividir a
TIM: a BrT ficaria com São
Paulo e os espanhóis, que já
atuam no Estado, com o restante das operações.
O problema é que a Telefónica também está interessada em
outra operadora móvel, a Vivo,
em que já detém 50% das
ações. A outra metade dos papéis está nas mãos da Portugal
Telecom, empresa que vem
sendo cobiçada pelo grupo português Sonae. Resta a dúvida:
os espanhóis teriam caixa para
comprar a TIM e a totalidade
das ações da Vivo? A BrT poderia, nesse caso, unir-se à Telemar para comprar a TIM.
Mas, segundo apurou a Folha, o fator que vai pesar na decisão de venda da TIM Brasil é
outro: o curso das investigações
sobre a Telecom Italia. Escândalos podem apressar a venda,
no intuito de evitar danos de
imagem que dificultem a obtenção de crédito para financiar a dívida da companhia.
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