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Caiapós vendem óleo de castanha na Fiesp
Tribo obtém certificação florestal e orgânica para buscar a sustentabilidade econômica de suas terras
DA REDAÇÃO
O templo do empresariado
paulista -se não nacional- foi
tomado ontem por índios caiapós da região amazônica. Lideranças de terras indígenas dessa etnia estiveram ontem na
Fiesp, entidade que reúne as
indústrias do Estado de São
Paulo, à procura de parceiros
interessados em seus produtos,
em especial o óleo de castanha.
A missão, que incluiu reuniões com potenciais compradores na sede da entidade, na
avenida Paulista, serviu ainda
para que o líder da Terra Indígena do Baú, no sul do Pará, o
cacique Koe-i Kayapó, recebesse de forma oficial uma certificação florestal e outra orgânica.
O primeiro documento atesta que a floresta de 1,5 milhão
de hectares é manejada com
respeito ao ambiente e repartição dos benefícios aos envolvidos, e o segundo, que a produção é livre de agrotóxicos.
"A certificação permitirá aos
caiapós estabelecer relações
comerciais mais sustentáveis,
de longo prazo. Não adianta demarcar uma terra se ela não tiver viabilidade econômica para
se manter", disse Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que assessorou os índios
para obter os atestados.
"Espero que [essa certificação] possa ajudar outras aldeias. Agradeço a quem puder
nos ajudar", disse Koe-i Kayapó, em recado endereçado a
empresários que estavam na
platéia na sede da Fiesp.
A lamentar, da parte dos
caiapós, só a ausência dos mesmos empresários em suas terras. "Para o índio é muito importante a palavra, o cara a cara. Da mesma forma como vêm
aqui para fechar negócios, eles
insistem que façam o mesmo
em suas aldeias. Mas, até agora,
nenhum empresário se dispôs a
ir até lá", conta a indigenista
Carmen Figueiredo, que participou, in loco, da adaptação dos
caiapós aos procedimentos que
permitiram as certificações.
(MARCELO SAKATE)
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