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CPMF, Copom e EUA derrubam Bovespa
Fim de tributo, ata de reunião do BC e inflação dos EUA fazem investidores vender ações; Bolsa paulista recua 2,9%
Mercados europeus e asiáticos também sofrem perdas pesadas; no Brasil, investidor realiza lucro temendo cenário incerto
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A derrota do governo na tentativa de prorrogar a CPMF somou-se a um cenário internacional de estresse e ceticismo
para derrubar a Bovespa, que
passou a ficar no vermelho no
acumulado do mês. No fim do
pregão de ontem, a Bolsa marcava queda de 2,90%. O dólar
encerrou os negócios vendido a
R$ 1,783, com alta de 0,39%.
Na maioria dos mercados, o
resultado foi negativo. A divulgação do PPI (índice de preços
ao produtor americano) mostrou inflação acima das expectativas, o que pode impedir novos cortes de juros nos EUA,
que elevam a atratividade dos
ativos brasileiros.
No cenário interno, a não-aprovação da CPMF estragou o
humor do mercado, que teme
que a medida comprometa a situação fiscal do governo, apesar
da promessa de manutenção da
política atual de economizar
3,8% do PIB para pagamento
de juros da dívida.
No pior momento do dia, a
Bovespa teve desvalorização de
3,51%. No final do pregão, a Bovespa desceu a 62.860 pontos,
em seu mais baixo nível desde o
fim de novembro, acumulando
queda mensal de 0,23%. No
ano, a valorização acumulada
mantém-se alta: 41,3%.
Houve também a sisuda ata
da última reunião do Copom,
mostrando o temor dos diretores do Banco Central de que o
ritmo de expansão da economia gere pressão indesejada sobre os preços, barrando novas
quedas na taxa de juros, que beneficiam as empresas listadas
na Bolsa ao baratear o crédito e
estimular o consumo.
"Os pregões começaram
ruins, com a Ásia em queda. As
medidas dos BCs tomadas ontem [anteontem, de injetar
mais liquidez nos mercados]
foram positivas, mas levaram o
mercado a fazer uma releitura
de que a crise ainda é grande.
Isso favoreceu o crescimento
do ceticismo", afirma Álvaro
Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). "Com as notícias da CPMF e do PPI, além
da ata, o mercado só piorou."
As Bolsas asiáticas e européias sofreram quedas pesadas
-2,48% em Tóquio, 2,72% em
Hong Kong, 2,98% em Londres
e 2,65% em Paris.
Nos maiores centros financeiros, só o índice Dow Jones,
da Bolsa de Nova York, conseguiu se recuperar antes no fim
do pregão. Após cair 0,90%, encerrou com alta de 0,33%.
"A Bovespa estava muito
próxima de suas máximas.
Com isso, o cenário ruim e as
crescentes incertezas favoreceram o movimento de realização
de lucros verificado hoje [ontem]", afirma Alexandre Maia,
economista-chefe da Gap Asset
Management.
O volume movimentado ontem na Bovespa, de R$ 6,71 bilhões (quase 40% acima da média diária do ano), mostra que
as vendas foram pesadas. Mais
de 90% das ações do Ibovespa
fecharam o pregão em queda.
Entre as mais negociadas, as
maiores baixas foram Vale PNA
(-4,23%), Itaú PN (-3,46%) e
Petrobras PN (-3,16%).
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