São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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CPMF, Copom e EUA derrubam Bovespa

Fim de tributo, ata de reunião do BC e inflação dos EUA fazem investidores vender ações; Bolsa paulista recua 2,9%

Mercados europeus e asiáticos também sofrem perdas pesadas; no Brasil, investidor realiza lucro temendo cenário incerto

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A derrota do governo na tentativa de prorrogar a CPMF somou-se a um cenário internacional de estresse e ceticismo para derrubar a Bovespa, que passou a ficar no vermelho no acumulado do mês. No fim do pregão de ontem, a Bolsa marcava queda de 2,90%. O dólar encerrou os negócios vendido a R$ 1,783, com alta de 0,39%.
Na maioria dos mercados, o resultado foi negativo. A divulgação do PPI (índice de preços ao produtor americano) mostrou inflação acima das expectativas, o que pode impedir novos cortes de juros nos EUA, que elevam a atratividade dos ativos brasileiros.
No cenário interno, a não-aprovação da CPMF estragou o humor do mercado, que teme que a medida comprometa a situação fiscal do governo, apesar da promessa de manutenção da política atual de economizar 3,8% do PIB para pagamento de juros da dívida.
No pior momento do dia, a Bovespa teve desvalorização de 3,51%. No final do pregão, a Bovespa desceu a 62.860 pontos, em seu mais baixo nível desde o fim de novembro, acumulando queda mensal de 0,23%. No ano, a valorização acumulada mantém-se alta: 41,3%.
Houve também a sisuda ata da última reunião do Copom, mostrando o temor dos diretores do Banco Central de que o ritmo de expansão da economia gere pressão indesejada sobre os preços, barrando novas quedas na taxa de juros, que beneficiam as empresas listadas na Bolsa ao baratear o crédito e estimular o consumo.
"Os pregões começaram ruins, com a Ásia em queda. As medidas dos BCs tomadas ontem [anteontem, de injetar mais liquidez nos mercados] foram positivas, mas levaram o mercado a fazer uma releitura de que a crise ainda é grande. Isso favoreceu o crescimento do ceticismo", afirma Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). "Com as notícias da CPMF e do PPI, além da ata, o mercado só piorou."
As Bolsas asiáticas e européias sofreram quedas pesadas -2,48% em Tóquio, 2,72% em Hong Kong, 2,98% em Londres e 2,65% em Paris.
Nos maiores centros financeiros, só o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, conseguiu se recuperar antes no fim do pregão. Após cair 0,90%, encerrou com alta de 0,33%.
"A Bovespa estava muito próxima de suas máximas. Com isso, o cenário ruim e as crescentes incertezas favoreceram o movimento de realização de lucros verificado hoje [ontem]", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
O volume movimentado ontem na Bovespa, de R$ 6,71 bilhões (quase 40% acima da média diária do ano), mostra que as vendas foram pesadas. Mais de 90% das ações do Ibovespa fecharam o pregão em queda. Entre as mais negociadas, as maiores baixas foram Vale PNA (-4,23%), Itaú PN (-3,46%) e Petrobras PN (-3,16%).


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