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Novo plano prevê aumento de 50% no crédito imobiliário
Governo divulga em janeiro projeto para elevar de 600 mil para 900 mil o número de moradias financiadas em 2009
Guido Mantega diz que
arrecadação de impostos e
volume de financiamentos
para compra de carros novos
cresceram em dezembro
VINICIUS TORRES FREIRE
GUILHERME BARROS
COLUNISTAS DA FOLHA
O governo Lula colocou na
prancheta o projeto de aumentar para 900 mil, em 2009, o
número de residências financiadas pela Caixa Econômica
Federal e pelo setor privado.
Neste ano, devem ser financiadas cerca de 600 mil moradias
(entre novas e usadas), no valor
de cerca de R$ 30 bilhões.
Até novembro, apenas a CEF
havia fechado 446 mil contratos de financiamento, no valor
de R$ 20,4 bilhões. O banco estatal estima chegar a 500 mil
contratos no final do ano, somando um total de financiamento de R$ 22,8 bilhões.
O ministro Guido Mantega,
da Fazenda, afirmou à Folha
que pretende deslanchar o projeto em janeiro. Mantega conta
ainda que, no início de 2009, o
governo deve apresentar novidades para o setor de infra-estrutura. E, por fim, adianta que
o BNDES terá R$ 110 bilhões
para emprestar no ano que
vem. O banco já teria fundos de
R$ 50 bilhões e Mantega diz
que o governo vai arrumar os
outros R$ 60 bilhões "custe o
que custar".
O ministro ainda não sabe dizer de onde virá um eventual
dinheiro extra. Não especificou
se haverá outro canais de crédito oficial além do FGTS (que já
aumentou o volume de recursos para 2009), dos recursos da
poupança ou de linhas para a
habitação popular.
O projeto pretende atender
dos consumidores mais pobres
à classe média. A Fazenda estuda ainda se vai aumentar o subsídio para moradias populares,
se aumenta o limite de preço
para imóveis financiados pelo
FGTS e se estende prazos de
pagamento.
Na companhia do plano de
expansão do crédito imobiliário, Mantega também pretende
apresentar um projeto de obras
para infra-estrutura. É um PAC
2? "Não tem nada de PAC 2,
mas serão novidades importantes para o financiamento do
setor", diz o ministro.
Impostos e juros
Apesar do ativismo governamental, Mantega afirma que
tem recebido informações de
que a situação do crédito e da
arrecadação melhorou em novembro.
Segundo dados preliminares,
a arrecadação federal de impostos teria aumentado 7% em
novembro (em relação a novembro do ano passado, na rubrica "receita administrada pela Receita Federal do Brasil").
Se confirmado tal número, a arrecadação em 12 meses terá
crescido ainda no ritmo de 10%,
nível que tem se verificado desde agosto. Sobre a receita de
impostos de dezembro, o ministro conta apenas que, nos
primeiros dez dias do mês, a arrecadação se recuperou e ficou
dentro da expectativa do governo -ou seja, "a arrecadação
voltou ao normal".
Quanto ao crédito, Mantega
diz ter sido informado de que a
"situação geral melhorou". No
caso de financiamento de veículos usados, a situação continua "ruim". Mas, em dezembro, o número de consultas para financiamento de veículos
novos subiu, embora ainda
abaixo dos níveis de novembro.
As taxas de juros desses financiamentos também caíram, diz
o ministro.
PIB e déficit externo
A situação do financiamento
externo ainda é crítica, diz o
ministro. Por isso, o governo
anunciou na quinta-feira passada que vai auxiliar o refinanciamento da dívida externa de
empresas que tenham pagamentos vencendo no último
trimestre deste ano e em todo o
ano de 2009.
O Banco Central vai emprestar a bancos brasileiros e estrangeiros dinheiro das reservas internacionais. Os bancos,
por sua vez, apenas poderão
emprestar a empresas que
comprovem o vencimento do
principal, de amortização ou de
juros da dívida nesse período.
Alguns economistas, como o
ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, criticam o plano do governo de
manter o crescimento da economia em torno de 4% no ano
que vem. Os críticos consideram que, dados a provável redução do saldo da balança comercial, a contração do crédito
e do investimento externos e o
nível ainda alto dos gastos públicos, tal ritmo de crescimento
do PIB poderia aumentar o déficit em conta corrente. Isto é, o
Brasil consumiria mais do que
produz, importaria demais e teria menos recursos para cobrir
o déficit. Em tese, tal cenário
pode provocar mais desvalorização cambial e/ou inflação.
O ministro, claro, rebate as
críticas com críticas ao próprio
Pastore. "Por acaso ele acertou
as últimas previsões?" Mantega
se refere a entrevistas concedidas por Pastore nas quais ele dizia, há dois anos, que o Brasil
não tinha condições de crescer
a taxas acima de 3,5% ao ano. O
Brasil cresceu 5,7% em 2007,
número que deve se repetir
neste ano.
Superávit primário
Segundo Mantega, o superávit primário (poupança do governo, sem contar a despesa
com juros) será o maior já registrado. Para o ano que vem,
não é prevista mudança na meta de 3,8% de superávit. O investimento federal, que ficaria
em 1% do PIB neste ano, subiria
para 1,2% do PIB no ano que
vem, na estimativa oficial.
Mantega descarta riscos de
os estímulos governamentais
induzirem um crescimento excessivo, que provoque um aumento do déficit.
"Vamos estimular em especial os setores econômicos que
demandam menos importações, como habitação, construção civil, infra-estrutura. Isso
não vai bater na conta corrente.
Aliás, a maioria das previsões
dos críticos para a conta corrente e para o PIB tem se revelado errada."
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