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Banca privada fará marco legal do pré-sal
Governo irá contratar escritório de advocacia para redigir leis após definição das regras de exploração do petróleo
Ministro Lobão diz que, no governo militar, advogados fizeram leis bem-feitas; escritório diz que processo de licitação seria difícil
HUMBERTO MEDINA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai contratar um
escritório privado de advocacia
para fazer o marco legal do pré-sal, disse o ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão. De
acordo com ele, a contratação
será feita quando o presidente
Lula escolher, entre as opções
apresentadas pela comissão interministerial que cuida das regras do pré-sal, o modelo de exploração a ser adotado.
Questionado sobre se não seria a AGU (Advocacia Geral da
União) o órgão do governo que
deveria fazer as novas leis, o
ministro disse que o órgão público vai "participar".
"Nós vamos classificar, por
preferência da comissão interministerial, as alternativas [de
modelo]. Quando for definido
pelo presidente da República,
aí nós contrataremos uma consultoria legal, um grande escritório de advogados especializado, para redigir o documento.
Redigir o projeto de lei ou o estatuto da nova empresa [estatal]", disse Lobão.
Segundo o ministro, a contratação de escritórios para fazer leis não é algo novo e já foi
feito durante o governo militar.
"A exemplo do que se fez no
primeiro governo da revolução.
O que fez o Roberto Campos
[ex-ministro do Planejamento
no governo Castello Branco] na
época? Contratou um grande
advogado que fez todas as leis
do país. Excepcionais as leis,
muito bem-feitas. Ou seja, o
que nós temos que fazer é uma
coisa bem-feita, bem ajustada.
Existem escritórios internacionais, entre eles alguns brasileiros, que cuidam especificamente de petróleo", afirmou o
ministro.
Questionada, a Casa Civil negou que já haja decisão do governo em relação a esse assunto. A AGU, também procurada,
não comentou o assunto. De
acordo com a advogada Sonia
Agel, do escritório Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira & Agel,
especializado na área de petróleo e gás, a idéia é boa, mas de
execução complicada. "Acho
louvável que o assunto seja tratado por especialistas, mas
acho que será um processo
complicado", disse.
Na avaliação de Agel, que foi
procuradora da ANP (Agência
Nacional do Petróleo), seria difícil fazer um processo de licitação mais simples, como carta-convite ou contratar por notória especialização. "Existem
muitos escritórios nessa área.
Quem não fosse escolhido iria
se sentir preterido e questionar", disse.
Setor estratégico
A intenção de Lula é decidir
as diretrizes gerais das novas
regras de exploração de petróleo ainda neste ano. As medidas
legais, caso sejam necessárias,
serão enviadas ao Congresso
apenas no próximo ano.
O governo quer estimular os
investimentos no setor de petróleo como uma das medidas
para evitar que a economia do
país encolha fortemente no
próximo ano. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a estratégia é garantir que os
investimentos da Petrobras
passem de 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano para 1,9% em 2009.
Nos próximos dias, a Petrobras vai divulgar seu novo plano estratégico, e o governo decidiu que adotará as medidas
necessárias para dar à estatal os
recursos necessários para que
esses investimentos se concretizem -o que pode envolver até
dinheiro das reservas internacionais.
Essa primeira fase de investimentos da Petrobras na camada pré-sal ficará focada no desenvolvimento das áreas que a
estatal já ganhou em licitações,
nas bacias de Campos e Santos
-principalmente os campos de
Tupi e Parque das Baleias. Esses planos não dependem da
definição das novas regras do
setor de petróleo.
Royalties
Lobão informou ainda que,
nessa primeira fase do debate e
da definição do novo marco legal do setor, o governo não pretende entrar na discussão da
repartição dos royalties do petróleo. Segundo ele, porém, esse debate terá de ser feito em
algum momento.
"Essa discussão está sempre
presente na comissão interministerial, mas não creio que seja
decidida já nesta lei. Isso ficaria
para um segundo momento.
Agora, que há reclamação intensa no sentido da concentração exagerada dos benefícios
do petróleo hoje, em alguns
poucos Estados e municípios,
isso há." Reclamação que o ministro considera procedente.
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