São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Queda dos salários é o próximo passo, afirmam especialistas

DA REDAÇÃO

A extinção dos supersalários será o passo seguinte ao corte de vagas e à racionalização das equipes nas empresas, apostam especialistas em recursos humanos ouvidos pela Folha. Ao menos durante a crise, as remunerações de diretores e CEOs (chief executive officer, principal executivo de uma companhia) devem ser "realinhadas" e perder dígitos.
"Os salários são crescentes enquanto a economia está em ebulição. Nas crises, isso é revisto", avalia José Augusto Minarelli, da Lens & Minarelli. "As remunerações vão se reequilibrar", prevê Sofia Esteves do Amaral, presidente da DM Recursos Humanos.
Nos Estados Unidos, onde a crise do "subprime" dava sinais já em 2007, levantamento divulgado na semana passada pela The Corporate Library, ONG ligada à promoção de práticas de transparência e governança corporativa em empresas, revelou desaceleração nos contracheques. A remuneração (salário mais bônus) do alto escalão subiu em média "só" 7,5% em 2007, menor taxa dos últimos seis anos. A compensação total média aos presidentes de 2.701 companhias chegou aos US$ 2,05 milhões ao ano -quase R$ 4,9 milhões -ou pouco mais de R$ 370 mil ao mês, considerando 13 salários.
Mas a média esconde casos que são, aos olhos de especialistas, emblemáticos. Richard Fuld, ex-CEO do Lehman Brothers, que decretou concordata em setembro, aparece entre os maiores salários. Recebeu US$ 71,92 milhões (R$ 170 milhões) no ano passado, mais da metade pela realização de opções acionárias antes do derretimento da instituição.

Idade
Para profissionais mais maduros, a crise pode trazer boas notícias: "Acabou o modismo de que só podemos contratar gente com menos de 40 anos. As empresas agora querem alguém adequado ao seu perfil e ao momento econômico", avalia Amaral, presidente da DM Recursos Humanos.
"O "outplacement" tem sido solicitado também para mudar o perfil de executivos, e não apenas para fechar vagas. As empresas procuram gente mais agressiva e mais resistente a pressões", diz Leyla Galetto, da Stanton Chase International.
A definição pode encontrar bom respaldo nas qualificações de profissionais mais experientes, de 50 ou 60 anos, com vivência de outras crises e jogo de cintura para avaliar e enfrentar riscos. (RE)


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