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Queda dos salários é o próximo passo, afirmam especialistas
DA REDAÇÃO
A extinção dos supersalários
será o passo seguinte ao corte
de vagas e à racionalização das
equipes nas empresas, apostam
especialistas em recursos humanos ouvidos pela Folha. Ao
menos durante a crise, as remunerações de diretores e
CEOs (chief executive officer,
principal executivo de uma
companhia) devem ser "realinhadas" e perder dígitos.
"Os salários são crescentes
enquanto a economia está em
ebulição. Nas crises, isso é revisto", avalia José Augusto Minarelli, da Lens & Minarelli.
"As remunerações vão se reequilibrar", prevê Sofia Esteves
do Amaral, presidente da DM
Recursos Humanos.
Nos Estados Unidos, onde a
crise do "subprime" dava sinais
já em 2007, levantamento divulgado na semana passada pela The Corporate Library, ONG
ligada à promoção de práticas
de transparência e governança
corporativa em empresas, revelou desaceleração nos contracheques. A remuneração
(salário mais bônus) do alto escalão subiu em média "só" 7,5%
em 2007, menor taxa dos últimos seis anos. A compensação
total média aos presidentes de
2.701 companhias chegou aos
US$ 2,05 milhões ao ano -quase R$ 4,9 milhões -ou pouco
mais de R$ 370 mil ao mês,
considerando 13 salários.
Mas a média esconde casos
que são, aos olhos de especialistas, emblemáticos. Richard
Fuld, ex-CEO do Lehman Brothers, que decretou concordata
em setembro, aparece entre os
maiores salários. Recebeu
US$ 71,92 milhões (R$ 170 milhões) no ano passado, mais da
metade pela realização de opções acionárias antes do derretimento da instituição.
Idade
Para profissionais mais maduros, a crise pode trazer boas
notícias: "Acabou o modismo
de que só podemos contratar
gente com menos de 40 anos.
As empresas agora querem alguém adequado ao seu perfil e
ao momento econômico", avalia Amaral, presidente da DM
Recursos Humanos.
"O "outplacement" tem sido
solicitado também para mudar
o perfil de executivos, e não
apenas para fechar vagas. As
empresas procuram gente mais
agressiva e mais resistente a
pressões", diz Leyla Galetto, da
Stanton Chase International.
A definição pode encontrar
bom respaldo nas qualificações
de profissionais mais experientes, de 50 ou 60 anos, com vivência de outras crises e jogo de
cintura para avaliar e enfrentar
riscos.
(RE)
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