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Mais jovens buscam emprego nos EUA
Com o agravamento da crise, adolescentes procuram trabalho para tentar compensar perda na mesada
LISA FODERARO
DO "NEW YORK TIMES"
Jodi Hamilton começou seu
último ano de colégio em
Woodcliff Lake (Nova Jersey)
com a habitual prosperidade.
Recebia US$ 100 semanais dos
seus pais e aulas particulares de
pilates, além de um professor
de física que comparecia uma
vez a cada sete dias à casa de
372 metros quadrados.
Mas, em outubro, a mãe dela
perdeu o emprego dirigindo
um grande consultório odontológico, conseguindo um mais
perto de casa, que exige mais
horas de trabalho por menos
dinheiro. À aula de pilates deu
adeus, assim como às saídas para comer sushi. A mesada, que
ela usa para pagar o almoço durante a semana, caiu para US$
60. Em vez de ter um tutor, Jodi se tornou uma, ganhando
US$ 150 semanais -por isso e
pelo trabalho de babá.
"Eu só achei que a coisa responsável a ser feita era conseguir um trabalho e ter meu próprio dinheiro, para que meus
pais não tivessem que pagar
por tudo", disse Jodi, 17. "Eu
sempre gostei de economizar
para algo que me interessasse:
um anel, um colar, uma bolsa."
É impossível quantificar
quantos pais reduziram mesadas nos últimos meses ou quantos filhos procuraram trabalho,
formal ou informal nos EUA.
Mas entrevistas com dezenas
de adolescentes, pais, professores e empregadores indicam
que muitos jovens de famílias
bem estabelecidas parecem ter
encontrado uma nova ética de
trabalho à medida que a crise
econômica, que colocou em risco os empregos e os investimentos dos pais, também resultou em menos dinheiro a ser
gasto em lojas e no cinema.
Após priorizarem nos últimos anos os estudos e as atividades extracurriculares, esses
adolescentes estão procurando
trabalho na pior época possível,
com o emprego de jovens de 16
a 19 anos no seu menor nível
em 61 anos, já que estão tendo
que competir com adultos por
postos de baixa remuneração.
Julia Stark, aluna do último
ano de uma escola particular de
Nova York, afirmou que ela e
seus amigos estão "todos tentando trabalhar o máximo que
podem" para conseguirem pagar as saídas para jantar nos finais de semana.
Um site da internet que põe
em contato alunos do ensino
médio e empresas locais com
oportunidades de trabalho disse que, a partir de setembro
(quando a crise piorou), recebeu cem interessados mensais,
ante 40 a 60 por mês no ano
passado. "Eu não queria incomodar meus pais por mais dinheiro para o final de semana",
disse o estudante Christian Rosier, que conseguiu US$ 50 por
algumas horas trabalhando
com mudança. "Eu gosto desse
tipo de trabalho porque posso
fazê-lo em uma tarde de sexta-feira e ainda tenho tempo para
curtir o final de semana com os
meus amigos."
Adolescentes de famílias das
classes média e trabalhadora, é
claro, estão sentindo a mesma,
senão maior, pressão. Sumit
Pal, 17, conta que seus pais cortaram há dois meses os US$ 5
semanais, depois que o restaurante onde o pai é empregado
começou a perder trabalho. No
fim do mês passado, Pal fez
uma entrevista de emprego
com uma empresa que patrocina bandas de rock.
"Eu não me importo de perder a mesada", afirmou. "Esse
dinheiro vai para outras coisas,
como alimentos."
A participação de adolescentes no mercado de trabalho dos
EUA tem caído constantemente desde 1979, quando 49% de
jovens de 16 e 17 anos tinham
algum emprego. No ano passado, esse número era de 30%.
Um estudo recente da Universidade Northeastern mostrou que o emprego de jovens
aumentou de 2005 a 2007 entre aqueles que vêm de lares
que ganham até US$ 150 mil
por ano: 14% dos adolescentes
de famílias que recebem menos
de US$ 20 mil anuais trabalham; no caso das famílias que
ganham até US$ 60 mil, o percentual chegou a 26%; para as
que recebem até US$ 80 mil, ficou em 32%; e é de 33% entre
aquelas que ganham entre US$
120 mil e US$ 150 mil.
Nas famílias que ganham acima de US$ 150 mil, a taxa cai
para 28%. "A pesquisa mostra
que, quanto maior a mesada
que você ganha dos seus pais,
menor será a probabilidade de
trabalhar", afirmou Andrew
Sum, diretor do centro de pesquisas da Northeastern.
A partir dos anos 90, vários
filhos de famílias abastadas que
tentam entrar na universidade
têm sido desencorajados a buscar trabalho, priorizando trabalhos voluntários. Ajudar na
reconstrução de casas em Nova
Orleans ou ensinar inglês em
países em desenvolvimento parecia melhor para o currículo
que servir sorvete em um trabalho de verão.
Para Brent Neiser, de um
grupo que oferece programas
de conhecimento financeiro, os
pais tendem a "subvalorizar os
benefícios de um trabalho rotineiro". Ele diz que trabalhos
modestos podem até ser valiosos -e impressionar os responsáveis pela admissão nas universidades.
"Regras de vestimenta, normas e pontualidade são enriquecedores por si só", afirmou
Neiser. "Você está contribuindo para a economia, está contribuindo para a sua economia
pessoal e está obtendo habilidades e hábitos que vão lhe preparar para um emprego de tempo integral", disse.
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