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Selic mais alta não garante retorno melhor
Rentabilidade de CDB depende de cada banco; mesmo que Selic suba em 2010, taxa final do produto pode não crescer
Nova modalidade de CDB,
o escalonado oferece taxas
maiores com o passar do
tempo; vantagem exige
manutenção da aplicação
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de elevação da
taxa básica Selic em 2010 não
deve alterar muito o perfil do
mercado de CDBs. Mesmo que
a Selic alcance 10,5% até o fim
do próximo ano, como prevê a
maioria do mercado, a categoria não deve ampliar muito o
retorno oferecido ao aplicador.
A taxa dos CDBs é calculada
como percentual do CDI -juro
de operações feitas entre os
bancos. Quando o cliente pergunta qual a taxa que vai receber pelo produto, vai ouvir do
gerente do banco que aquele
CDB paga 80%, 90% (ou outro
percentual) do CDI. Quanto
mais alto o percentual, mais
elevada a taxa final que o cliente irá receber.
No ano passado, em meio à
crise, houve bancos que pagaram mais de 100% do CDI aos
clientes que comprassem seu
CDB. O mais comum hoje é ver
os bancos oferecendo algo mais
próximo dos 85% do CDI. Ou
seja, os bancos têm bastante liberdade para lidar com o retorno dos CDBs. Dessa forma, se
não estiverem interessados em
ofertar muito esse produto, diminuem o quanto acharem
conveniente o percentual do
CDI que pagam ao cliente.
"O mercado voltou a certa
normalidade e o que vemos
agora é um ritmo mais próximo
do que vivíamos em 2007. O pequeno e médio investidor vai
ter cada vez mais dificuldades
de conseguir elevados retornos
no CDB. Não vejo mais grandes
oportunidades para serem
aproveitadas nesse produto,
como ocorreu há não muito
tempo", avalia Mauro Calil, do
Centro de Estudos e Formação
de Patrimônio Calil & Calil.
De qualquer forma, os investidores sempre devem comparar e tentar compreender qual
aplicação financeira pode ser
mais vantajosa para seu perfil e
para o montante de recursos de
que dispõem para aplicar.
Cada vez mais os brasileiros
estão buscando os fundos multimercados, que ficam entre as
aplicações que pagam juros
-como CDB e renda fixa- e o
mercado de ações. Os multimercados têm como particularidade poderem mesclar ações
com títulos que rendem juros.
Assim, aproveitam as altas da
Bolsa e elevam as chances de
render mais do que a renda fixa.
Todavia, passam a carregar
também maiores riscos de perdas, característicos das ações.
O patrimônio dos multimercados cresceu aproximadamente 35% neste ano, alcançando inéditos R$ 330 bilhões.
Em expansão
Enquanto o mercado de
CDBs esfria, uma nova modalidade desse tipo de aplicação
tem ganhado espaço. Chamada
de CDB escalonado, essa aplicação oferece taxas crescentes
a quem decide manter seus investimentos inalterados por
mais tempo. O estoque da modalidade escalonado saltou de
menos de R$ 50 milhões em janeiro para mais de R$ 2 bilhões
em novembro. Mas esse tipo de
CDB só será mais vantajoso que
o formato tradicional se o investidor mantiver a mesma
aplicação por períodos longos.
Normalmente, essas aplicações têm vencimento em três
ou quatro anos e os retornos
costumam aumentar apenas a
cada seis meses.
Se um escalonado alcançar
taxa de 95% do CDI no final de
três anos, é provável que o investidor que ficar menos de um
ano obtenha retorno inferior
ao pago em um CDB convencional com prazo de seis meses.
"O escalonado é um produto
interessante. O problema é que,
para ser mais vantajoso que o
convencional, a pessoa tem de
estar disposta a permanecer na
aplicação por um período mais
longo de tempo", afirma o professor Mauro Halfeld.
(FABRICIO VIEIRA)
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