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Merkel rechaça ataques franceses ao euro
Em entrevista ao "Le Monde", chanceler alemã defende independência do BCE e que moeda fique de fora da política
Defesa da moeda única ocorre após políticos franceses em campanha presidencial e premiê italiano reclamarem do BC
JON BOYLE
DA REUTERS
A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel,
disse estar preocupada com o
debate na França que culpa o
euro pelo aumento de preços e
piora das condições de vida. E
defendeu que a moeda fique de
fora da arena política.
Em entrevista publicada no
final de semana pelo jornal
francês "Le Monde", Merkel
disse que o BCE (Banco Central
Europeu) deve se manter independente e que é um equívoco
atacar a moeda única européia,
que trouxe imensos benefícios
a países do continente.
Questionada se o euro era
culpado pela inflação e queda
nas condições de vida, Merkel
disse: "Francamente, esse debate na França me preocupa
muito".
"Temos de ter cuidado para
que nossas dificuldades [...] não
sejam injustamente atribuídas
ao euro. É uma moeda muito
dura, pois revela de forma muito clara onde um país é competitivo e onde pode ter problemas", disse a chanceler alemã
ao jornal francês.
A França terá eleições presidenciais em abril e maio, e alguns candidatos culpam a moeda única por uma aparente alta
do custo de vida quando de sua
introdução, em janeiro de
2002. Alemanha e França são
as duas maiores economias entre os 13 países da União Européia que adotaram o euro até
aqui.
Políticos franceses de todas
as matizes têm, nos últimos
meses, acusado o guardião do
euro, o BCE, de estar focado demais na inflação, em detrimento do crescimento e da criação
de empregos.
O premiê francês, Dominique de Villepin, pediu recentemente ao BCE que coordene
mais suas políticas com os ministros das Finanças dos países
da zona do euro.
Já o premiê italiano, Romano
Prodi, disse na sexta-feira que
seria melhor que o BCE parasse
de subir sua taxa de juros. Em
dezembro, já havia dito que elevar demais os juros poderia
comprometer a recuperação
econômica italiana.
O BCE manteve a taxa de juros em 3,5% na semana passada, após elevação de 0,25 ponto
percentual em dezembro, o que
a alçou ao nível mais alto em
cinco anos. Analistas esperam
ao menos mais uma elevação
dos juros neste ano, provavelmente em fevereiro ou março,
para fazer frente à pressão inflacionária gerada pelo aumento de liquidez e do crédito na
zona do euro.
Reformas
Merkel disse achar errado
culpar a moeda única pelas dificuldades econômicas de um
dos países que a adota, ressaltando que a Alemanha, maior
exportador global, "não foi especialmente sortuda" em termos do valor do euro.
A moeda hoje vale US$ 1,29,
dificultando as exportações de
países que a adotam para fora
da zona do euro.
O crescimento alemão foi
construído com o estímulo de
reformas duras, disse Merkel,
como a trabalhista. "Hoje estamos sendo recompensados por
esses esforços. Não quero dar
lições a nenhum país, mas penso que, ao confrontar a globalização, seja difícil escapar desse
caminho [de reformas]", disse a
chanceler ao "Monde".
"O euro não deve ser desacreditado porque a moeda traz
imensos benefícios aos países
europeus", acrescentou.
Líderes do pós-guerra perceberam, explicou a alemã, que
países com a mesma moeda
não entrariam mais em grandes disputas. "Naquela época,
era um sonho. Realizamos o sonho e não temos o direito de colocar o euro em perigo", disse
Merkel.
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