São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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Telecom Italia propõe fusão entre TIM e BrT

Plano é contraproposta aos fundos e ao Citibank pela Brasil Telecom; italianos querem o controle da nova companhia

Idéia não é vista com bons olhos por todo o Conselho da Telecom Italia, dividido entre sair da América Latina e manter os negócios

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Telecom Italia mudou de estratégia em relação à BrT (Brasil Telecom). Depois de reiterar publicamente interesse na venda de suas ações, os italianos reapresentaram na semana passada uma proposta de fusão entre a BrT e sua controlada no país, a TIM Brasil.
Pelo plano, o controle da nova companhia seria entregue à TIM, apurou a Folha com pessoas próximas ao JP Morgan, instituição americana encarregada pela Telecom Italia de negociar sua participação na BrT.
A Telecom Italia é uma das maiores operadoras da Europa. No Brasil, é dona da TIM, a segunda maior companhia de telefonia móvel do país. Também possui 38% da Solpart, holding controladora da BrT, empresa alvo do maior conflito societário brasileiro.
Pessoas próximas às negociações afirmaram à Folha que a hipótese de uma fusão nas condições pretendidas pelos italianos é quase impossível.
A união precisa de autorização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Como a lei brasileira não permite que uma operadora detenha duas licenças de longa distância, a Telecom Italia advoga que a nova empresa abra mão de um dos códigos de discagem: o 41, da TIM, ou o 14 da BrT. O cancelamento permitiria que a fusão acontecesse sem depender de alterações na lei.

Contraproposta
O plano discutido pelo JP Morgan aos brasileiros é uma contraproposta. A Folha apurou que, no fim de dezembro, o Citigroup e os fundos de pensão formalizaram novo lance pelas ações que a Telecom Italia mantém na BrT.
A diferença entre essa oferta e a anterior, feita em meados do ano passado, é que a última prevê pagamento em dinheiro pela fatia italiana na BrT. Antes, a idéia era uma troca de ações.
A sondagem dos italianos sobre uma possível fusão entre a TIM Brasil e a Brasil Telecom evidencia o racha na cúpula da matriz da Telecom Italia, cujas dívidas batem 39,5 bilhões.
De um lado está um grupo que gostaria de encontrar uma solução rápida para os problemas da empresa, que também sofre danos de imagem por conta da investigação feita pelo Ministério Público italiano sobre uma rede espionagem e pagamentos ilegais tocada por executivos da Telecom Italia.
Nesse time está o vice-presidente mundial da Telecom Italia, Carlo Buora, pessoalmente empenhado em conversar com os fundos e o Citi.
A posição contrária é adotada pelos executivos próximos aos acionistas majoritários da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera e o grupo Pirelli. Eles consideram haver condições de negociar a entrada de um novo investidor na operadora e que vender os ativos brasileiros é precipitado.
Dessa facção participa o diretor mundial de Desenvolvimento Corporativo da Telecom Italia, Giampaolo Zambeletti. No fim de dezembro, ele afirmou à Folha que a TIM Brasil não estava à venda e que eram baixas as ofertas formalizadas pela participação da Telecom Italia na BrT.


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