São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo Oi/BrT eleva ações em R$ 8,8 bi

Ganho das duas teles em valor de mercado contrasta com performance negativa da Bolsa paulista neste início do ano

Mesmo após acerto de preço para compra de controle da BrT pela Oi, ainda é preciso que o governo altere as regras do setor de telefonia

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O negócio entre a Oi (ex-Telemar) e a Brasil Telecom (BrT) ainda não foi concluído. Mesmo assim, as companhias e seus acionistas já ganharam alguns bilhões de reais em valor de mercado na Bovespa nos últimos dias. Juntas, Telemar, Telemar Norte Leste e BrT valorizaram-se neste ano em R$ 8,84 bilhões e atingiram valor de mercado de R$ 59,52 bilhões.
A apreciação das teles se destaca ainda mais considerando que a Bolsa de Valores de São Paulo -com 405 companhias com papéis negociados diariamente nos pregões- perdeu R$ 130 bilhões em valor neste começo de ano.
O valor de mercado das empresas listadas na Bolsa oscila de acordo com o preço de suas ações. A Telemar, por exemplo, passou a valer R$ 20,59 bilhões na última sexta-feira, saindo de R$ 16,57 bilhões no fim de 2007. Suas ações preferenciais acumulam alta de 26,5% neste ano, até o pregão de sexta.
Com essa escalada, a Telemar passou de 18ª companhia mais valiosa listada na Bolsa paulista em novembro para a 15ª posição na sexta.
No período, a BrT teve aumento de R$ 1,88 bilhão em seu valor de mercado, que foi a R$ 15,32 bilhões. Entre suas ações mais negociadas, o destaque ficou com Brasil Telecom Participações ON (ordinária), que já subiu 9,68% neste ano. A companhia passou da 26ª para a 21ª posição entre as maiores da Bovespa desde novembro.
Um grande investidor que detivesse R$ 1 milhão em ações preferenciais da Telemar no fim de 2007 teria conseguido ficar R$ 265 mil mais rico neste começo de ano.
Na contramão, a Bolsa paulista começou o ano em ritmo fraco: o índice Ibovespa, que reúne as ações de maior liquidez do mercado, registra em 2008 baixa de 2,66%.
Isso demonstra que, em um período desanimador na Bolsa, os acionistas das teles que estão em processo de negociação tiveram lucros consideráveis.
Para Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, quem não ganhou com as ações das teles até o momento deve ser cauteloso. Observar o quanto já subiram nesses primeiros pregões do ano e correr para adquirir os papéis pode não ser uma boa opção.
"As ações da Telemar ficaram muito tempo defasadas e agora deram essa puxada. Do jeito que subiu nos últimos pregões, não sei se ainda está entre as melhores opções para comprar agora. Acho que há papéis mais interessantes no momento", avalia Monteiro.
As ações preferenciais "A" da Telemar Norte Leste também tiveram valorização expressiva nesses primeiros pregões de 2008. O papel, também muito procurado pelos investidores, subiu 13,5% no período.
O valor de mercado da Telemar Norte Leste subiu de R$ 20,68 bilhões em dezembro para R$ 23,60 bilhões agora.
Entre os principais acionistas de Oi e BrT, estão os empresários Carlos Jereissati (La Fonte) e Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez) -controladores da Oi e principais articuladores do negócio-, o grupo GP, o Citibank, fundos de pensão de estatais, o BNDES e o Opportunity de Daniel Dantas.
A hipótese de uma fusão ou outro negócio envolvendo a Oi e a BrT não é nova. Mas na semana passada foi fechado acordo pelo preço do controle da BrT a se pago pela Oi, de R$ 4,8 bilhões. Falta ainda o governo baixar decreto alterando normas do setor de telefonia.
"Desta vez, o mercado tem acreditado que o negócio realmente pode sair. É normal que, com isso, as ações tenham subido, pois os investidores trabalham em cima de expectativas", afirma André Segadilha, da Prosper Corretora. Ele diz que a estruturação societária da Telemar é bastante confusa, o que prejudica sua avaliação pelo mercado financeiro.
Em outubro passado, houve tentativa de reestruturação da tele. Os acionistas que controlam o grupo Telemar tentaram, sem êxito, recomprar ações dos minoritários. A operação era encarada como um primeiro passo para uma futura fusão entre a Oi e a BrT, que tem o apoio do governo Lula sob o argumento de que o país precisaria de um grupo de telefonia forte para enfrentar os grandes grupos estrangeiros atuando no Brasil, como a espanhola Telefónica e a mexicana Telmex.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: BNDES vai ter a preferência se nova tele for vendida
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.