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BNDES vai ter a preferência se nova tele for vendida
Idéia é impedir que controladores da Oi, após eventual compra da BrT, vendam empresa ao capital estrangeiro
BNDES deve financiar os controladores da nova tele em até US$ 1,2 bilhão para comprarem as partes de seus sócios na holding da Oi
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O governo deverá ter uma
cláusula de proteção no acordo
de compra da Brasil Telecom
pela Oi (ex-Telemar) para garantir que a nova empresa se
mantenha com controle nacional caso os principais controladores da nova tele, Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez) e
Carlos Jereissati (La Fonte),
decidam vender as suas participações.
Pelo que ficou acertado, o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) terá direito de preferência sobre as partes de Andrade e
de Jereissati, caso eles decidam
vender suas participações.
Ficou acordado também que
o BNDES terá ainda o prazo de
até um ano para decidir se exerce ou não o direito de preferência sobre as ações dos controladores, no caso de venda.
No desenho que agora começa a se tornar mais claro, o
BNDES não irá financiar diretamente a compra da Brasil Telecom pela Oi, que deverá representar um desembolso de
cerca de R$ 8,4 bilhões da ex-Telemar.
Desse total, R$ 4,8 bilhões se
referem à compra das participações dos controladores, e o
restante, ao total que deverá ser
injetado para a aquisição da
parte dos acionistas minoritários.
Esses R$ 8,4 bilhões deverão
ser pagos tanto por recursos
próprios da Oi como por meio
de lançamento de debêntures.
A Oi possui R$ 7 bilhões em caixa e cerca de R$ 8 bilhões em
garantias de empréstimos bancários. A Oi deve lançar cerca
de R$ 4 bilhões em debêntures
a serem pagas em quatro anos
para bancar a transação.
A participação do BNDES será por meio de financiamento
dos empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati na operação de capitalização da Telemar Participações, que é a controladora da Oi. Os dois empresários devem desembolsar US$
2 bilhões para comprarem as
participações de seus sócios na
Telemar, a GP Investimentos e
o Opportunity de Daniel Dantas.
O BNDES deve financiar Andrade e Jereissati com um
montante de US$ 1 bilhão a
US$ 1,2 bilhão, o correspondente a 50% ou até 60% do
aporte que será feito pelos dois
acionistas na holding.
Na composição acionária que
deverá ser formada após a compra da BrT pela Oi, Sérgio Andrade e Carlos Jereissati passarão a ter 51% do controle, segundo a Folha apurou.
O segundo maior acionista
individual será o BNDES, com
15% das ações ordinárias (com
direito a voto). Os três fundos
de pensão que fazem parte do
capital das duas teles (Previ,
Petros e Funcef) deverão ter o
correspondente a 34% do controle -de 10% a 12% cada um.
Apesar de a operação ter recebido o aval do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa
Civil, Dilma Rousseff, ainda
não foi assinado nenhum documento ou memorando sacramentando o negócio.
Por enquanto, os acordos foram apenas verbais, apesar de
muitos documentos já estarem
prontos para serem assinados.
Como se trata de uma operação
complexa, a previsão é que antes de abril o negócio não seja
concretizado.
Antes de o martelo ser batido, o governo vai precisar definir o melhor instrumento jurídico para viabilizar legalmente
o negócio, o que deve ocorrer já
na próxima semana. A expectativa de pessoas envolvidas nas
negociações é que a forma escolhida seja mesmo a de elaboração de um decreto presidencial autorizando o negócio.
Há, no entanto, opiniões divergentes. O especialista no setor Renato Guerreiro, que presidiu a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de
1997 a 2002, afirmou ao jornal
"Valor" que a agência teria autonomia para deliberar sobre o
negócio, sem necessidade de
um decreto presidencial.
Pelo peso político do negócio, no entanto, ele acha mais
adequado a elaboração de um
decreto presidencial.
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