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Nova tributação ameaça elevar preços em SP
Para empresas, mudança na cobrança do ICMS com a chamada substituição tributária deve gerar aumento aos consumidores
Nova sistemática, estendida a vários setores, como os de
medicamentos, cosméticos e bebidas, antecipa para a
indústria cobrança de tributo
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova sistemática de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) sobre alguns produtos, prevista para vigorar a partir de 1º de fevereiro, pode elevar o preço de venda ao consumidor final, segundo representantes de alguns segmentos.
A Secretaria da Fazenda decidiu estender a substituição
tributária aos segmentos de
medicamentos, higiene pessoal, perfumaria, cosméticos e
bebidas alcóolicas. A sistemática existia só para poucos setores. Decretos e portarias regulamentando a lei foram publicados antes do Natal para vigorar já em janeiro, mas foram
adiados para fevereiro após negociações com a indústria.
Na substituição tributária, o
ICMS de toda a cadeia comercial até o consumidor final é antecipado na indústria.
Empresas de alguns dos setores alegam que a diferença estimada pela Fazenda entre o preço de fábrica e o preço final está
fora da realidade do mercado.
O presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos (Abihpec), João
Carlos Basílio da Silva, diz que
haverá aumento ao consumidor de cerca de 20% para produtos de cosmética e perfumaria e de 12,2% para de higiene
pessoal. " Comprar desodorante em São Paulo será mais caro
que em outros Estados", prevê.
Em março, outros produtos
passam a ser tributados pela
sistemática.
Para a Fazenda, a substituição tributária coíbe a sonegação fiscal e aumenta a arrecadação, sem elevar a carga tributária. Silva discorda e diz que haverá aumento de carga porque
as margens sobre as quais o tributo é calculado, estipuladas
pela Fazenda, são "extremamente exageradas".
Para antecipar o imposto, a
Fazenda estima margens de valor adicionado, que representam a diferença entre o preço
da fábrica e o preço final. Para
higiene pessoal, perfumaria,
cosméticos e bebidas alcóolicas, os índices variam de
125,54% a 165,55%. "É absurdo
imaginar que o comércio tenha
essa rentabilidade", diz Silva.
O setor reclama também que
o prazo para pagamento do
ICMS deveria ser ampliado já
que a indústria vai arcar com a
responsabilidade. "A secretaria
deu um prazo exíguo para a medida vigorar. Trata essa questão
como um ato de terrorismo,
com muita pressão.Vai tirar a
vantagem competitiva das empresas que estão no Simples."
Diversos setores contrataram estudos de instituições, como a FGV, para mostrar que
preços e margens são inferiores
aos estimados pela Fazenda.
"Os preços de medicamentos
genéricos não devem subir",
diz o vice-presidente da Pro
Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos), Odnir Finotti. O setor negociou com a
Fazenda a aplicação do tributo
sobre o preço praticado na venda aos distribuidores, e não sobre o preço máximo, de tabela,
como pretendia o governo, porque os genéricos trabalham
com muitos descontos.
O presidente da Abevd (Associação Brasileira de Venda Direta), Rodolfo Guttilla, afirma
"não ver desvantagens" na nova regra. O setor de venda porta-a-porta já usa a substituição
tributária há 40 anos. "A vantagem é dar mais equilíbrio entre
o modelos de comercialização,
com o imposto de toda a cadeia
recolhido antecipadamente."
Para Gutilla, da Natura, a nova regra não representará desestímulo à produção no Estado. "São Paulo dispõe da maior
parte da produção industrial,
profissionais qualificados e determinante cadeia logística."
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