São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Endividada, Nortel pede concordata

Pedido foi feito no Canadá e nos EUA e pode chegar às subsidiárias europeias

Concordata seria o caminho para manutenção do atual plano de reestruturação e redução da dívida da empresa; 4.100 já foram demitidos

DA REPORTAGEM LOCAL

A canadense Nortel -fabricante de telefones, equipamentos para redes de internet e soluções em telecomunicações- pediu concordata em seu país e nos EUA e ameaça repetir o procedimento na Europa, onde também tem subsidiárias. A empresa alega que a atual crise financeira ameaça sua reestruturação para diminuir a dívida de US$ 3,8 bilhões. Escapam da concordata as filiais da Ásia, onde ela mantém parceria com a coreana LG, do Caribe e América Latina, incluindo o Brasil.
Até o fechamento desta edição, os pedidos ainda não haviam sido avaliados. Analistas consideram, no entanto, que eles devem ser negados. Isso porque a Nortel não tem, segundo eles, dívidas de curto prazo e dispõe de US$ 2,4 bilhões em caixa.
Apesar disso, a empresa possui compromissos que comprometeriam seu caixa. Entre investimentos e custos operacionais, seriam US$ 2,3 bilhões, em 2009, segundo analistas canadenses. Para eles, a solução seria a venda de ativos.
O presidente da companhia, Mike Zafirovski, afirma que a concordata seria a saída para não comprometer as atividades da empresa nem os planos de reestruturação em curso. Para cortar custos, a Nortel já demitiu 4.100 funcionários e pode cortar outros 1.300 neste ano. A companhia tem cerca de 32 mil contratados em 150 países.
No terceiro trimestre de 2008, o faturamento foi de US$ 2,23 bilhões. Estima-se que 85% das operadoras móveis de telefonia e os 25 maiores provedores de internet do mundo usem seus produtos no "coração" de suas redes. No Brasil, ela tem contratos com praticamente todas as teles. Em comunicado, a empresa afirma que os serviços continuam sendo prestados normalmente.
Os problemas da Nortel surgiram em 2002, com a crise da internet, e complicaram-se, em 2003, quando uma auditoria encontrou US$ 3 bilhões em receitas lançadas indevidamente em sua contabilidade. A troca de comando deu novo ânimo à empresa, mas, desde 2005, as ações da companhia estão em queda. A Bolsa de Valores de Nova York informou que elas deixarão de ser negociadas, caso fiquem abaixo de US$ 1 por mais seis meses. Ontem, estavam cotadas a US$ 0,32.


Texto Anterior: Vaivém das commodities
Próximo Texto: Telecomunicações: Motorola diz que vai demitir 4.000 até o fim do ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.