São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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Europeus sentem menos a crise na AL

ISABEL CLEMENTE
de Londres

Ainda em meio à ressaca provocada pelo pânico de anteontem, os principais mercados europeus fecharam sem grandes alterações, fora uma grande preocupação com o grau de exposição dos bancos europeus no Brasil.
Os bancos espanhóis, particularmente, são ainda mais afetados pela crise porque entraram no mercado brasileiro há menos tempo.
O país concentra investimentos da ordem de US$ 37,6 bilhões dos bancos europeus, contra US$ 16,8 bilhões dos bancos norte-americanos, lembra o analista Jake Moore, do banco Barclay's, citando dados do BIS (Bank of International Settlements), o banco central dos bancos centrais.
Por esse motivo, discutia-se ontem em Londres os potenciais prejuízos que o poupador comum, o cliente de um fundo de pensão e outros investidores podem ter se a situação piorar no Brasil.
"Há uma boa parcela de investimentos no Brasil e a incerteza é grande", disse Moore.
Depois de abrirem com relativa calma, os mercados cederam aos rumores de que o Brasil introduziria um mecanismo de flutuação cambial, levantando ainda mais temores de que novas desvalorizações da moeda seriam inevitáveis.

Bolsas
A Bolsa de Londres fechou com queda de 0,51%; e a de Frankfurt, de 0,39%. A de Paris teve alta de 0,97%; e a de Madri, a mais afetada pela grande tormenta de anteontem, quando caiu 6,5%, se estabilizou (+0,05%).
"O mercado ainda não achou uma direção e entende que os riscos não acabaram, mas tudo dependerá se o país vai conseguir resolver seu déficit fiscal e baixar as taxas de juros", disse um analista.
Há expectativas de que o real sofrerá novas desvalorizações. "A presença do Gustavo Franco no Banco Central era uma certeza de que a política cambial não seria alterada. Agora, nada garante que o governo não fará novas mudanças", disse John Bowler, diretor para América Latina do Economist Intelligence Unit, braço de pesquisas do grupo britânico "The Economist".



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