São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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MERCADO FINANCEIRO

Mídi leva BM&F a flexibilizar seus limites

da Reportagem Local

Diante dos pedidos do mercado financeiro, a Bolsa de Mercadorias & Futuros resolveu afrouxar os limites de variação dos contratos de câmbio a partir de hoje.
Os investidores precisam do mercado futuro de dólar, ainda mais em um momento de instabilidade cambial como o atual, para fazer "hedge", no jargão do mercado. Ou seja, para se proteger contra desvalorizações cambiais.
Também os que ganharam com a desvalorização de 8,26% do real querem embolsar logo os recursos, estimados em US$ 1,3 bilhão.
Os limites de variação dos contratos do primeiro vencimento, em fevereiro, eram de 1% ontem. Como o dólar desvalorizou 8,26%, o "circuit breaker" foi acionado e o mercado parou. Como ninguém quer comprar a desvalorização de 1%, pois a que já aconteceu foi de 8,26%, não há negócios.
O mesmo acontece com os outros dois contratos mais negociados, o segundo vencimento, em março, e o terceiro, em abril. No caso do segundo vencimento, o "circuit breaker" é acionado quando a desvalorização do real atinge 1,5% e o terceiro, 2%.
Para se ter uma idéia, mantidos os limites de variação atual, o primeiro contrato da BM&F só voltaria a ser negociado daqui a seis dias úteis.
A BM&F emitiu comunicado ontem informando que os limites serão flexibilizados a partir de amanhã. Segundo o comunicado da BM&F, a decisão foi "tendo em vista o perfil dos participantes posicionados, a necessidade de atender à demanda por operações de hedge, a necessidade de referência de preços para os fundos de investimento e, principalmente, o confortável valor das garantias depositadas".
A partir de hoje, o limite de variação para o contrato de vencimento em fevereiro é de 2% e para o de março e abril, 4,5%. A partir do dia 18 de janeiro, o limite de variação para os contratos de primeiro, segundo e terceiro vencimento, os de maior negociação, serão de 2%.
Os contratos de juros na BM&F, que continuam a ser negociados normalmente, explodiram. A alta mostra que o mercado não acredita que uma desvalorização de 8,26% seja suficiente.
O Banco Central vendeu R$ 300 milhões de NBC-Es, títulos indexados no dólar comercial. Teve de pagar juros de 17,98% ao ano, na máxima, e de 17,08% na média.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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