São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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TRABALHO
Tamanho do corte seria de 20% e evitaria demissão de mil funcionários da fábrica da montadora no ABC
GM propõe redução de jornada e salário

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

A General Motors (GM) do Brasil propôs aos trabalhadores da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, redução de 20% na jornada de trabalho e nos salários como forma de evitar mil demissões.
A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, ligado à Força Sindical, que recebeu a proposta ontem em uma reunião com a direção da empresa.
A GM havia comunicado ao sindicato sobre o excedente de funcionários na terça-feira, após a volta das férias coletivas.
A unidade de São Caetano produz os modelos Vectra e Astra e emprega cerca de 8.700 metalúrgicos, ou seja, aproximadamente 11% do efetivo está em ociosidade devido à retração no mercado de automóveis esperada para os primeiros meses do ano.
De acordo com o sindicato, a programação de produção da fábrica do ABC para janeiro e fevereiro é de aproximadamente 25 carros por hora, quando o normal seria 38 unidades.
Na reunião de ontem, o sindicato chegou a sugerir à GM a redução da jornada e dos salários como uma das formas possíveis para evitar as demissões, mas não havia proposto um percentual, afirmou o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Após a sinalização de que a idéia não desagradava aos trabalhadores, a direção da montadora propôs a redução de 20%, o que pode significar na prática um dia a menos de trabalho por semana.
As negociações continuam hoje e outras propostas também estão em discussão, como a reabertura do programa de demissões voluntárias e a suspensão temporária do contrato de trabalho.
As duas alternativas, entretanto, não satisfazem o sindicato, que vai insistir em uma negociação com a montadora para que a redução do salários não seja equivalente ao corte da jornada.
O vice-presidente do sindicato, Agamenon Alves, afirma que os metalúrgicos aceitam redução de, no máximo, 5% nos salários.
Cidão diz também que os trabalhadores tentarão, nas negociações com a montadora, obter formas de compensação à eventual redução de salário.
Nos últimos meses do ano passado, a GM abriu um programa de demissões voluntárias em suas duas unidades paulistas: São Caetano do Sul e São José dos Campos, onde é produzido o Corsa.
Até o final de 98, o programa teve cerca de 2.500 adesões. A fábrica de São José dos Campos também tem cerca de 8.700 funcionários.

Compensações
O sindicato vinha negociando com a direção da GM o pagamento da última parcela da participação nos lucros e resultados (PLR) de 98 desde o final do ano passado.
Após terem recebido cerca de R$ 1.100 a título de PLR, a empresa ofereceu mais R$ 338, sob o argumento de que as metas de produção física não haviam sido atingidas em 98.
A produção de veículos automotores em 98 caiu cerca de 24%, para 1.573.128 unidades.
Os sindicalistas reivindicam ao menos mais R$ 1.000 de PLR e estavam dispostos a retomar negociações com a empresa neste início de ano, quando surgiu a informação sobre o excedente de mil funcionários na fábrica.
Segundo o presidente do sindicato, os dirigentes ainda vão insistir na discussão. Outras reivindicações, como o reajuste salarial de quase 3%, entretanto, ficaram difíceis de ser defendidas.

Outro lado
A assessoria de imprensa da GM informa que a empresa não se pronuncia sobre as negociações em andamento.



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