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TRABALHO
Tamanho do corte seria de 20% e evitaria demissão de mil funcionários da fábrica da montadora no ABC
GM propõe redução de jornada e salário
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
A General Motors (GM) do Brasil
propôs aos trabalhadores da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC
paulista, redução de 20% na jornada de trabalho e nos salários como
forma de evitar mil demissões.
A informação é do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Caetano, ligado à Força Sindical, que recebeu a
proposta ontem em uma reunião
com a direção da empresa.
A GM havia comunicado ao sindicato sobre o excedente de funcionários na terça-feira, após a volta das férias coletivas.
A unidade de São Caetano produz os modelos Vectra e Astra e
emprega cerca de 8.700 metalúrgicos, ou seja, aproximadamente
11% do efetivo está em ociosidade
devido à retração no mercado de
automóveis esperada para os primeiros meses do ano.
De acordo com o sindicato, a
programação de produção da fábrica do ABC para janeiro e fevereiro é de aproximadamente 25
carros por hora, quando o normal
seria 38 unidades.
Na reunião de ontem, o sindicato
chegou a sugerir à GM a redução
da jornada e dos salários como
uma das formas possíveis para evitar as demissões, mas não havia
proposto um percentual, afirmou
o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Após a sinalização de que a idéia
não desagradava aos trabalhadores, a direção da montadora propôs a redução de 20%, o que pode
significar na prática um dia a menos de trabalho por semana.
As negociações continuam hoje e
outras propostas também estão
em discussão, como a reabertura
do programa de demissões voluntárias e a suspensão temporária do
contrato de trabalho.
As duas alternativas, entretanto,
não satisfazem o sindicato, que vai
insistir em uma negociação com a
montadora para que a redução do
salários não seja equivalente ao
corte da jornada.
O vice-presidente do sindicato,
Agamenon Alves, afirma que os
metalúrgicos aceitam redução de,
no máximo, 5% nos salários.
Cidão diz também que os trabalhadores tentarão, nas negociações
com a montadora, obter formas de
compensação à eventual redução
de salário.
Nos últimos meses do ano passado, a GM abriu um programa de
demissões voluntárias em suas
duas unidades paulistas: São Caetano do Sul e São José dos Campos,
onde é produzido o Corsa.
Até o final de 98, o programa teve
cerca de 2.500 adesões. A fábrica
de São José dos Campos também
tem cerca de 8.700 funcionários.
Compensações
O sindicato vinha negociando
com a direção da GM o pagamento
da última parcela da participação
nos lucros e resultados (PLR) de 98
desde o final do ano passado.
Após terem recebido cerca de R$
1.100 a título de PLR, a empresa
ofereceu mais R$ 338, sob o argumento de que as metas de produção física não haviam sido atingidas em 98.
A produção de veículos automotores em 98 caiu cerca de 24%, para
1.573.128 unidades.
Os sindicalistas reivindicam ao
menos mais R$ 1.000 de PLR e estavam dispostos a retomar negociações com a empresa neste início
de ano, quando surgiu a informação sobre o excedente de mil funcionários na fábrica.
Segundo o presidente do sindicato, os dirigentes ainda vão insistir na discussão. Outras reivindicações, como o reajuste salarial de
quase 3%, entretanto, ficaram difíceis de ser defendidas.
Outro lado
A assessoria de imprensa da GM
informa que a empresa não se pronuncia sobre as negociações em
andamento.
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