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OLHAR ESTRANGEIRO
Instituição diz que combater pobreza é uma das melhores formas de impulsionar crescimento latino-americano
Banco Mundial faz elogio ao Bolsa-Família
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Depois de décadas pregando o
crescimento econômico como
motor para a redução da pobreza,
o Banco Mundial adicionou o
efeito inverso ontem à receita:
combater a pobreza e proporcionar mais oportunidades para a
população de baixa renda pode
auxiliar os países da América Latina a crescer mais e aumentar a
competitividade no cenário internacional, a ponto de alcançar o
leste asiático.
"O essencial desse relatório é
não apenas que crescimento é
chave para aliviar a pobreza, o
banco já vem dizendo há anos.
Mas o que achamos agora é que
pobreza, por si mesma, vem arrastando para baixo o crescimento na região. Não é apenas que o
crescimento é bom para reduzir a
pobreza, mas a pobreza é ruim
para aumentar as taxas de crescimento", explicou Pamela Cox, vice-presidente do banco para
América Latina e Caribe.
De acordo com o relatório "Redução da Pobreza e Crescimento:
ciclos virtuosos e viciosos", cada
ponto percentual de crescimento
econômico nos países da América
Latina causa uma queda em média de 1,25% na pobreza. No caso
brasileiro, a redução da desigualdade social é tanto ou mais importante para auxiliar no crescimento.
O relatório também aponta que
o crescimento da pobreza se relaciona à queda de investimentos
na economia de um determinado
país. Segundo os autores do estudo, a um aumento de 10% da pobreza corresponde a perda de 6%
a 8% em investimentos. "Essa
descoberta sugere uma potencial
explicação para o efeito negativo
da pobreza no crescimento: uma
maior taxa de pobreza leva a uma
menor taxa de investimento, o
que resulta em menor crescimento", diz o texto do estudo.
Bolsa-Família
Especificamente sobre o Brasil,
a equipe do Banco Mundial elogiou a iniciativa do Bolsa-Família,
como um programa direcionado
para uma população pobre e que
causa, ainda, resultados com a
obrigatoriedade da freqüência escolar e acompanhamento médico. A crítica do Bird se concentrou
na composição das transferências
de renda públicas. A grande
maioria dos valores se refere à
Previdência, extremamente desigual e alimentadora das disparidades do país.
Causas
Indagado sobre por que os países da América Latina perderam a
dianteira econômica que mantinham sobre a Ásia nas últimas décadas, o economista-chefe do
Banco Mundial para a região,
Guillermo Perry, apresentou uma
"hipótese" elaborada pelo banco.
Na sua teoria, os países latino-americanos não cresceram tudo o
que poderiam durante as décadas
de 1960 e 1970, não investiram
tanto quando os "tigres asiáticos"
em educação e relaxaram a disciplina fiscal com déficits durante
aquele período.
Segundo Cox, no Brasil o problema se agravou porque as elites
"capturaram" o Estado, privilegiando seus pares em vez de democratizar oportunidades. Algo
que vem se modificando, sempre
na avaliação de Cox, com os mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1994 a 2002) e de Luiz Inácio Lula da Silva.
Como solução, Perry sugere que
os países adotem "pacotes de políticas". Por exemplo: enquanto
adotam abertura comercial, devem dar apoio a pequenos agricultores e oferecer educação e
oportunidades aos mais pobres.
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