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Descaso com o local prejudica perícia, diz Polícia Federal
Delegada diz que Petrobras não esclareceu por que dados sigilosos da estatal estavam em equipamento da Halliburton
PF diz que as empresas ainda não informaram quais funcionários tiveram contato com o material dentro do contêiner
DA SUCURSAL DO RIO
Presidente do inquérito da
Polícia Federal que apura o furto dos dados da Petrobras, a delegada Carla de Melo Dolinski
lamentou que nem a Halliburton nem a estatal tenham se
preocupado em preservar o
contêiner após a violação.
Quando a perícia chegou, pouco havia a ser examinado, disse.
Peritos de criminalística da
PF no Rio estiveram no pátio
da Halliburton, em Macaé, no
dia 8. Na véspera, a delegada
abrira o inquérito, após ser informada pela sede carioca.
"Foi feita perícia no contêiner, estou esperando o resultado. O pessoal do Rio veio especificamente para verificar isso,
no dia seguinte [à abertura do
inquérito]. Posso adiantar que
acho que não vai ter muita informação porque o local não foi
preservado. Eles mexeram em
tudo. A retirada de datiloscópicas [impressões digitais] ficou
prejudicada", disse à Folha.
Diretora interina da Delegacia de Macaé, já que o titular
está em férias, Dolinski considera insuficientes as informações prestadas até agora pela
estatal. "A Petrobras não esclareceu por que botou informação estratégica dentro de um
contêiner. Eu gostaria de saber.
Não acho que seja estranho,
não quero especular. É comum? Eu quero saber qual é o
procedimento da Petrobras."
Após 14 dias do registro do
furto na PF pela Petrobras, até
ontem a Delegacia de Macaé
não havia interrogado ninguém sobre os fatos ocorridos
no dia 1º no pátio de contêineres da Halliburton. A delegada
não sabia ainda os nomes das
pessoas que terá de interrogar.
Disse ter enviado ofícios às empresas pedindo a relação de
empregados que tiveram contato com o contêiner, mas nenhuma delas havia respondido.
Mesmo assim, Dolinski já decidiu reinterrogar Fernando
Luiz Lima Blanc, responsável
pelo setor de investigações e
sindicâncias da Petrobras. Foi
ele quem apresentou à PF no
dia 1º, um antes do início do
Carnaval, a queixa sobre o desaparecimento do material.
"Ele não forneceu todas as
informações necessárias. Está
faltando coisa aqui", afirmou
ela, que definiu como "pouco
elucidativo" o depoimento.
Uma das coisas que faltariam,
segundo ela, é o conteúdo do
contêiner. A delegada não sabe
ainda tudo o que havia dentro
do compartimento.
Dolinski disse saber que
houve uma investigação interna da Petrobras antes do registro na PF e que vai requerer à
estatal as conclusões desse trabalho. Pretende também interrogar os funcionários encarregados da investigação.
Uma das coisas que intrigam
a delegada é que a única ligação
oficial da Petrobras com o caso
é o registro na PF. Tudo o mais
(dependências, contêiner e
material furtado) pertence à
Halliburton. Se um funcionário
seu não tivesse dado queixa à
polícia, o envolvimento da estatal seguiria em segredo.
"A única coisa que vincula a
Petrobras são as informações,
porque o HD e os notebooks
são de propriedade da Halliburton. A Petrobras só alega
que havia informações relevantes ali dentro, mas ainda não
disse por que colocou lá."
(SERGIO TORRES)
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