São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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Descaso com o local prejudica perícia, diz Polícia Federal

Delegada diz que Petrobras não esclareceu por que dados sigilosos da estatal estavam em equipamento da Halliburton

PF diz que as empresas ainda não informaram quais funcionários tiveram contato com o material dentro do contêiner

DA SUCURSAL DO RIO

Presidente do inquérito da Polícia Federal que apura o furto dos dados da Petrobras, a delegada Carla de Melo Dolinski lamentou que nem a Halliburton nem a estatal tenham se preocupado em preservar o contêiner após a violação. Quando a perícia chegou, pouco havia a ser examinado, disse.
Peritos de criminalística da PF no Rio estiveram no pátio da Halliburton, em Macaé, no dia 8. Na véspera, a delegada abrira o inquérito, após ser informada pela sede carioca.
"Foi feita perícia no contêiner, estou esperando o resultado. O pessoal do Rio veio especificamente para verificar isso, no dia seguinte [à abertura do inquérito]. Posso adiantar que acho que não vai ter muita informação porque o local não foi preservado. Eles mexeram em tudo. A retirada de datiloscópicas [impressões digitais] ficou prejudicada", disse à Folha.
Diretora interina da Delegacia de Macaé, já que o titular está em férias, Dolinski considera insuficientes as informações prestadas até agora pela estatal. "A Petrobras não esclareceu por que botou informação estratégica dentro de um contêiner. Eu gostaria de saber. Não acho que seja estranho, não quero especular. É comum? Eu quero saber qual é o procedimento da Petrobras."
Após 14 dias do registro do furto na PF pela Petrobras, até ontem a Delegacia de Macaé não havia interrogado ninguém sobre os fatos ocorridos no dia 1º no pátio de contêineres da Halliburton. A delegada não sabia ainda os nomes das pessoas que terá de interrogar. Disse ter enviado ofícios às empresas pedindo a relação de empregados que tiveram contato com o contêiner, mas nenhuma delas havia respondido.
Mesmo assim, Dolinski já decidiu reinterrogar Fernando Luiz Lima Blanc, responsável pelo setor de investigações e sindicâncias da Petrobras. Foi ele quem apresentou à PF no dia 1º, um antes do início do Carnaval, a queixa sobre o desaparecimento do material.
"Ele não forneceu todas as informações necessárias. Está faltando coisa aqui", afirmou ela, que definiu como "pouco elucidativo" o depoimento. Uma das coisas que faltariam, segundo ela, é o conteúdo do contêiner. A delegada não sabe ainda tudo o que havia dentro do compartimento.
Dolinski disse saber que houve uma investigação interna da Petrobras antes do registro na PF e que vai requerer à estatal as conclusões desse trabalho. Pretende também interrogar os funcionários encarregados da investigação.
Uma das coisas que intrigam a delegada é que a única ligação oficial da Petrobras com o caso é o registro na PF. Tudo o mais (dependências, contêiner e material furtado) pertence à Halliburton. Se um funcionário seu não tivesse dado queixa à polícia, o envolvimento da estatal seguiria em segredo.
"A única coisa que vincula a Petrobras são as informações, porque o HD e os notebooks são de propriedade da Halliburton. A Petrobras só alega que havia informações relevantes ali dentro, mas ainda não disse por que colocou lá."
(SERGIO TORRES)

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