São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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Fed acena com mais reduções de juros

Para BC americano, riscos permanecem, crescimento deve ser lento nos próximos meses e melhorar no final do ano

Ao depor em comissão do Senado, Ben Bernanke, presidente da instituição, frisa que política monetária demora para fazer efeito

DA REPORTAGEM LOCAL

O encarecimento e a menor disponibilidade do crédito devem contribuir para a desaceleração da economia dos EUA nos próximos meses. No entanto, perto do final do ano, a maior economia mundial voltará a ganhar velocidade, conforme começarem a ser sentidos os efeitos das medidas de política monetária e estímulo fiscal tomadas pelo BC americano e pelo governo Bush.
Esse foi o panorama que Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (BC dos EUA), traçou, ontem, em depoimento à Comissão de Bancos do Senado, deixando no ar também a possibilidade de reduções de juros adicionais se for preciso.
"Em parte como resultado dos acontecimentos no mercado financeiro, o cenário para a economia piorou recentemente, e os riscos de queda do crescimento aumentaram, incluindo a possibilidade de que o setor de imóveis e o mercado de trabalho se deteriorem mais do que o previsto", disse, evitando, porém, tocar na palavra recessão, que tem assombrado o país e o mundo.
"O Comitê de Política Monetária do Fed avaliará cuidadosamente as informações sobre o ritmo da economia e agirá no devido tempo para apoiar o crescimento e dar a necessária segurança contra os riscos negativos", disse Bernanke.
Na mesma audiência, Henry Paulson, secretário do Tesouro americano, mostrou que compartilha da avaliação do Fed, mas com tom mais otimista.
"Acho que nossa economia continuará avançando, mas o seu ritmo nos próximos trimestres será menor do que o observado ultimamente", comentou. Na sua opinião, as turbulências no mercado imobiliário e de crédito são conseqüência de uma correção técnica e não significam uma crise.
Bernanke também espera que a inflação ao consumidor diminua, bem como as expectativas para os preços no longo prazo. "Estaremos monitorando de perto a situação", frisou.
Desde agosto, quando estourou a crise imobiliária nos EUA, a autoridade monetária já reduziu a sua taxa básica de juros cinco vezes: ela passou de 5,25% para 3% ao ano. A redução aliviou os mutuários em dificuldades para pagar as suas mensalidades. Mas, diante dos crescentes prejuízos com a inadimplência, as instituições financeiras têm restringido novos empréstimos.
A fim de impulsionar o consumo, o governo Bush também lançou um pacote de restituição e descontos de impostos para empresas e pessoas físicas. O pacote oferece cerca de US$ 168 bilhões em estímulos e foi assinado por Bush anteontem. Paulson aproveitou para elogiar a atuação do Congresso, que apoiou o plano.
Em Wall Street, crescem as apostas de que o país ruma para uma recessão, apesar dos esforços das autoridades do governo em acalmar os ânimos.
No último trimestre do ano passado, o PIB americano teve uma alta de apenas 0,6%. O mercado de trabalho também dá sinais de enfraquecimento. Para os analistas, esses números negativos sustentariam mais reduções de juros até junho, até que a taxa ficasse entre 2,5% e 2% ao ano.


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