São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Analistas veem "desincorporação" em 2009

As incorporadoras podem cancelar lançamentos imobiliários neste ano para preservar o caixa diante da crise econômica. Essa é a opinião de Eduardo Silveira, analista de construção civil da Fator Corretora, e de Luiz Fernando Lucho do Valle, presidente da Ecoesfera Empreendimentos.
A lei brasileira permite que as incorporadoras desistam de empreendimentos que não tiverem bom desempenho nas vendas dentro de um prazo de seis meses, após o lançamento.
Nesse caso, as empresas devolvem o dinheiro pago pelos compradores das unidades, cancelam o lançamento e assumem como prejuízo os investimentos em publicidade e em estande de vendas.
Lucho do Valle vê "desincorporações" acontecendo em peso no segundo semestre deste ano. "É uma atitude responsável que os empresários vão ter. Devolver o dinheiro para o investidor e cancelar o empreendimento é melhor que construir um prédio que não vendeu bem", afirma.
A queda na demanda e a escassez de crédito podem levar empresas a optarem por adiar lançamentos e cancelar empreendimentos já lançados com vendas abaixo do esperado, afirma Silveira.
"No ano passado, os casos de cancelamento de lançamentos eram por excesso de oferta em uma região. Neste ano, será por queda na demanda. As empresas podem preferir cancelar a incorporação antes de construir a incorrer na exposição de seu caixa", diz Silveira.
Entre os lançamentos com maior probabilidade de serem cancelados, Silveira cita os empreendimentos de maior valor e fora do eixo Rio/São Paulo.
Esse foi o caso do Condomínio Grand Park, empreendimento da Klabin Segall lançado em 2008, em Uberlândia (MG), e cancelado por apresentar baixo volume de vendas.
"A decisão está baseada no comprometimento da Klabin Segall com a geração de valor aos seus acionistas, com a menor exposição de caixa e com a prioridade na venda de estoque do ano passado", disse a empresa em nota, na semana passada.
Para Silveira, 2009 terá volume de lançamentos entre 20% e 30% menor que 2008.
João Crestana, presidente do Secovi (sindicato de habitação), e Eduardo Zaidan, diretor de economia do SindusCon-SP, também veem uma redução no volume de lançamentos neste ano, mas não acreditam na cancelamento dos projetos já lançados.
"As incorporadoras só vão lançar empreendimentos seguros e deixarão para outra oportunidade os mais arriscados", diz Zaidan. "Todo ano temos um ou dois casos de cancelamentos. Esse ano será igual, mas não acho que teremos mais ou menos por conta da crise", afirma Crestana.

"As empresas podem preferir cancelar a incorporação antes de construir a incorrer na exposição de seu caixa"
EDUARDO SILVEIRA
analista de construção civil da Fator Corretora

Academia dá seguro desemprego "fitness" para não perder cliente

A academia de ginástica Bio Ritmo vai oferecer um seguro desemprego "fitness" para evitar a fuga de clientes, que podem ter medo de assumir prestações por conta da crise.
Os frequentadores da academia que tiverem receio de assumir contratos de longo prazo receberão uma espécie de seguro-desemprego, que vai garantir seis meses de mensalidades gratuitas, caso percam o emprego antes do fim do termo.
Cerca de 90% da venda da Bio Ritmo corresponde aos planos anuais, de um total de 30 mil clientes.
"O exercício reduz o estresse, libera endorfina, pode contribuir nessa hora difícil", afirma Edgard Corona, presidente da Bio Ritmo.
O desempregado que tiver firmado contrato de longo prazo só precisa mostrar na recepção que foi demitido e o pagamento de suas mensalidades será suspenso.
O frequentador, no entanto, só poderá entrar para se exercitar em horário especial: das 9h às 12h ou entre 14h e 16h, fora da hora do "rush", no qual as academias ficam lotadas pelos demais clientes. "Esse horário é para quem não está trabalhando", diz.
Corona pretende manter o benefício mesmo depois que a economia já tiver alcançado alguma estabilidade.

SOBE:
TÍTULOS PROTESTADOS ATINGEM MAIOR VOLUME DESDE 2007 EM SP
Foram protestados em janeiro 92.897 títulos, segundo pesquisa do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos da Seção São Paulo junto aos dez tabeliães de protesto da capital. A alta foi de 23,49% ante os 75.227 de dezembro. O total de protestos não atingia volume tão grande desde março de 2007, quando bateu 95.123. "Janeiro é tradicionalmente de alta todo ano no protesto, devido às compras de fim de ano. Mas desta vez supera muito o esperado", diz José Carlos Alves, presidente do instituto. Mas, para ele, os protestos devidos à inadimplência provocada pela crise ainda não começaram a aparecer. "É cedo para atribuirmos a alta à crise."

PEDÁGIO
A Indra, multinacional de TI da Europa, assumiu, com sua parceira brasileira Esteio, o projeto de implantação de sistemas de pedágio em três trechos de uma rodovia do Sul do país e a instalação de sistemas de gestão do tráfego inteligente de uma delas. Indra e Esteio também desenharão e colocarão em funcionamento um sistema de gestão de tráfego metropolitano na cidade de Curitiba. O custo global dos contratos supera os € 10 milhões.

TORRE EIFFEL
Gilberto Bomeny, fundador e presidente do World Trade Center de São Paulo, acaba de conseguir aprovação para desenvolver o WTC de Paris; o prédio ficará ao lado do aeroporto Charles de Gaulle; além de desenvolver o projeto, o brasileiro vai participar da gestão do empreendimento depois de pronto; o projeto, um dos maiores no gênero em implantação na Europa, tem salão de exposições com 40 mil m2, centro de convenções com salas para até 3.000 participantes, hotéis e escritórios

LADEIRA
As agências de publicidade e propaganda esperam fortes quedas em 2009 nos EUA. Apenas 6% das empresas entrevistadas em um levantamento da AdMedia Partners nos EUA projetam um ano mais forte que 2008. Cerca de 78% preveem um ano mais fraco. Para 16%, 2009 deve manter o mesmo ritmo do ano passado. O levantamento foi feito com mais de 3.700 executivos de agências de propaganda, de marketing de serviços, agências digitais e outros.


com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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