São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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Petrobras supera maiores do setor em investimentos

Pressionada pelo governo a contribuir para o crescimento do país, estatal planeja investir US$ 136 bilhões até 2012

Valor é maior que os gastos previstos por gigantes como a Exxon, em um momento em que as petroleiras desaceleram investimentos


DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras sonha em ser a quinta maior empresa de energia do mundo, mas, ao menos nos investimentos, a companhia já é a número um.
Pressionada pelo governo Lula a elevar investimentos e contribuir para o crescimento do país, os recursos que a empresa pretende investir até 2012, US$ 136 bilhões, superam os que as maiores petrolíferas de capital aberto no mundo preveem gastar no período.
Do total a ser desembolsado, US$ 28 bilhões serão em 2009 e US$ 36 bilhões em cada um dos três anos seguintes.
Maior companhia aberta de petróleo do planeta, a norte-americana ExxonMobil prevê investir, entre 2009 e 2012, cerca de US$ 100 bilhões. A anglo-holandesa Shell deverá investir US$ 120 bilhões em quatro anos. A também americana Chevron e a britânica BP manterão planos de investir US$ 23 bilhões e US$ 22 bilhões, respectivamente, neste ano.
Em 2008, a ExxonMobil lucrou US$ 45 bilhões, ante US$ 41 bilhões em 2007. Shell, Chevron e BP registraram ganhos de, respectivamente, US$ 26 bilhões, US$ 24 bilhões e US$ 21 bilhões. A Petrobras, que ainda não divulgou os resultados do ano passado, obteve lucro de US$ 12 bilhões em 2007.
Estudo divulgado recentemente pela Barclays Capital mostra que, após seis anos de crescimento, a maioria das empresas de petróleo manterá ou revisará para baixo seus investimentos em exploração e produção. A instituição prevê que o volume global de recursos caia 12%, de US$ 454 bilhões, em 2008, para US$ 400 bilhões. O estudo foi realizado com 357 companhias no mundo inteiro.
Segundo o levantamento, a Exxon deverá elevar seus investimentos em exploração e produção em 3%. Se o ajuste for proporcional em todo o programa de investimentos da companhia (que inclui refino, distribuição e energia, normalmente demandantes de menos recursos), o valor saltaria para US$ 103 bilhões até 2012. Ao elevar investimentos em exploração e produção em 71% (e 55% no geral), a Petrobras segue na contramão da indústria.
"As empresas estão revendo investimentos porque, devido à crise, enfrentarão queda em suas receitas no quarto trimestre e dificuldade em obter crédito", diz David Zylbersztajn, sócio da DZ Negócios com Energia e ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo). "Faz todo sentido investir pesado na exploração do petróleo na camada pré-sal. Mas, num momento de crise, não vejo por que gastar US$ 30 bilhões na construção de refinarias, que têm baixa rentabilidade", diz, ao se referir aos projetos no Maranhão e no Ceará.
Neste ano, a Petrobras contará com US$ 12,5 bilhões do BNDES e espera captar outros US$ 5 bilhões no mercado externo. "Esse plano é irreal. Seu único objetivo é servir para o governo dizer que o país está bem, apesar da crise", diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
(SAMANTHA LIMA)


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