|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Presidente de associação afirma que setor gera "rede de empregos"
DA REPORTAGEM LOCAL
Olavo Sales da Silveira, presidente da Abrabin (Associação
Brasileira dos Bingos), diz que o
setor cria uma rede de empregos e
traz benefícios à economia. Segundo ele, são 120 mil empregos
diretos, 200 mil indiretos e uma
receita mensal de R$ 20 milhões.
"Um bingo, mesmo que pequeno, não opera com menos de 30
funcionários. Quando se multiplica esse número por dois ou três
turnos, você tem mais empregos.
Sem contar que há bingos que
funcionam 24 horas. Nossos números são até conservadores."
Segundo o empresário, o setor
também cria uma "rede" de empregos nas áreas de limpeza, segurança, manutenção e engenharia.
Em relação às irregularidades
citadas pela Procuradoria Geral
do Trabalho, o presidente da
Abrabin diz que elas não são exclusividade de seu setor.
"Não podemos condenar o sistema bancário por causa do Cacciola [banqueiro Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, que,
segundo a CPI dos Bancos, teria
sido favorecido pelo Banco Central]", disse ele. "Nem condenar o
Judiciário por causa do Lalau [juiz
Nicolau dos Santos Neto, acusado
de desviar dinheiro das obras do
novo Fórum Trabalhista de São
Paulo]. Da mesma forma, não podemos condenar todos os bingos
porque algum apresenta problemas", afirma.
Tráfico
Os procuradores dos ministérios públicos -federal e estaduais-, diz ele, têm de pedir punição para os crimes que forem
constatados. "Mas não pode haver generalização. Nem todo
mundo é bandido", diz, ao se referir às acusações de sonegação, lavagem de dinheiro e envolvimento com o tráfico de drogas.
"Quem diz que o tráfico também gera empregos [ao comparar
com os empregos em bingos] não
tem bom senso. Os bingos oferecem empregos com carteira assinada, estão localizados em regiões
de grande visibilidade e, portanto,
estão prontos para receber qualquer tipo de fiscalização", afirma.
Alguns donos de bingos, segundo Silveira, vieram das áreas de cinema, restaurante e revenda de
automóveis, porque "acreditaram
na Lei Zico". Desde essa lei, as casas de bingo são obrigadas a repassar 7% de seu faturamento a
entidades esportivas.
Sobre a contratação de trabalhadores com cooperativas "fraudulentas" de trabalho, Silveira
afirma não ter conhecimento.
"Não uso cooperativas em meus
dois bingos. Não sei quem usa,
mas afirmo que a cooperativa é
uma tendência de emprego em
vários setores."
De acordo com Silveira, a existência de cooperativas não desqualifica a relação de trabalho no
setor. "Nunca tomamos conhecimento de problemas de cooperativas", afirma.
O empresário diz que desconhece irregularidades na forma
de pagamento dos funcionários
do setor. "O empregado [que informou à Folha ter recebido salário por "fora" ] pode estar se referindo à caixinha, que funciona como uma gorjeta, oferecida pelos
clientes. Mas não posso negar que
pode ser uma atitude ilícita [a do
empresário que registra um salário inferior na carteira], uma forma de reduzir os encargos sociais,
o que é condenável."
Para Silveira, a natureza do jogo
é "generosa". "As pessoas costumam dar gorjetas aos funcionários, principalmente para quem
vendeu a cartela premiada. Com
isso, o salário fica maior, o que
não significa que haja pagamento
por fora."
(CR e FF)
Texto Anterior: Setor tem 42 irregularidades trabalhistas Próximo Texto: Opinião Econômica - João Sayad: Inflação sustentável Índice
|