São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2004

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OUTRO LADO

Presidente de associação afirma que setor gera "rede de empregos"

DA REPORTAGEM LOCAL

Olavo Sales da Silveira, presidente da Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos), diz que o setor cria uma rede de empregos e traz benefícios à economia. Segundo ele, são 120 mil empregos diretos, 200 mil indiretos e uma receita mensal de R$ 20 milhões.
"Um bingo, mesmo que pequeno, não opera com menos de 30 funcionários. Quando se multiplica esse número por dois ou três turnos, você tem mais empregos. Sem contar que há bingos que funcionam 24 horas. Nossos números são até conservadores."
Segundo o empresário, o setor também cria uma "rede" de empregos nas áreas de limpeza, segurança, manutenção e engenharia.
Em relação às irregularidades citadas pela Procuradoria Geral do Trabalho, o presidente da Abrabin diz que elas não são exclusividade de seu setor.
"Não podemos condenar o sistema bancário por causa do Cacciola [banqueiro Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, que, segundo a CPI dos Bancos, teria sido favorecido pelo Banco Central]", disse ele. "Nem condenar o Judiciário por causa do Lalau [juiz Nicolau dos Santos Neto, acusado de desviar dinheiro das obras do novo Fórum Trabalhista de São Paulo]. Da mesma forma, não podemos condenar todos os bingos porque algum apresenta problemas", afirma.

Tráfico
Os procuradores dos ministérios públicos -federal e estaduais-, diz ele, têm de pedir punição para os crimes que forem constatados. "Mas não pode haver generalização. Nem todo mundo é bandido", diz, ao se referir às acusações de sonegação, lavagem de dinheiro e envolvimento com o tráfico de drogas.
"Quem diz que o tráfico também gera empregos [ao comparar com os empregos em bingos] não tem bom senso. Os bingos oferecem empregos com carteira assinada, estão localizados em regiões de grande visibilidade e, portanto, estão prontos para receber qualquer tipo de fiscalização", afirma.
Alguns donos de bingos, segundo Silveira, vieram das áreas de cinema, restaurante e revenda de automóveis, porque "acreditaram na Lei Zico". Desde essa lei, as casas de bingo são obrigadas a repassar 7% de seu faturamento a entidades esportivas.
Sobre a contratação de trabalhadores com cooperativas "fraudulentas" de trabalho, Silveira afirma não ter conhecimento. "Não uso cooperativas em meus dois bingos. Não sei quem usa, mas afirmo que a cooperativa é uma tendência de emprego em vários setores."
De acordo com Silveira, a existência de cooperativas não desqualifica a relação de trabalho no setor. "Nunca tomamos conhecimento de problemas de cooperativas", afirma.
O empresário diz que desconhece irregularidades na forma de pagamento dos funcionários do setor. "O empregado [que informou à Folha ter recebido salário por "fora" ] pode estar se referindo à caixinha, que funciona como uma gorjeta, oferecida pelos clientes. Mas não posso negar que pode ser uma atitude ilícita [a do empresário que registra um salário inferior na carteira], uma forma de reduzir os encargos sociais, o que é condenável."
Para Silveira, a natureza do jogo é "generosa". "As pessoas costumam dar gorjetas aos funcionários, principalmente para quem vendeu a cartela premiada. Com isso, o salário fica maior, o que não significa que haja pagamento por fora." (CR e FF)

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