São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Bom momento atenua crise, diz criador do Bric

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O bom momento para a economia mundial atenua o impacto de um menor crescimento dos EUA e consequentemente uma crise nos mercados, avalia Jim O'Neill, chefe de pesquisa econômica global do Goldman Sachs e criador do termo Bric (de Brasil, Rússia, Índia e China, que em 2050 seriam os principais atores econômicos).
Ontem, em visita a São Paulo, o economista afirmou que hoje é muito mais fácil para os países enfrentarem uma crise global. "É quase o momento perfeito para isso acontecer", ironizou.
Sobre a alta considerada modesta do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, e se o país merecia continuar figurando entre os Brics, ele avaliou que um crescimento de 3,5% da economia seria satisfatório para isso. Se o Brasil crescer a essa taxa de forma sustentada daqui para a frente, defendeu, em 2050 estará entre as maiores economias do mundo.
Em 2006, o PIB do Brasil teve alta de 2,9%, taxa muito menor do que a chinesa (10,7%), a russa (6,7%) e a estimada para a Índia (9,2%). "Crescer 3,5% em uma base sustentada seria muito bom. Crescer 5% seria fabuloso", analisou. "Mas acho que o Brasil deveria pensar mais em termos de metas de inflação do que no PIB."
Se o país cumprir uma meta de inflação de 4,5% ao ano pelos próximos cinco anos, disse, atrairá muitos investimentos. Na avaliação de O"Neill, o câmbio deve continuar se apreciando.
Para ele, entretanto, esse não é um problema tão grande para as exportações. "O câmbio é importante, mas se você quiser ser bom em exportações tem que encontrar produtos que não dependam excessivamente da taxa de câmbio", afirmou, ressaltando a importância das vendas externas de produtos de maior valor agregado.
Para o economista, com a importância que os combustíveis renováveis vêm assumindo, o Brasil tem uma posição "privilegiada" hoje por conta do desenvolvimento da sua cadeia do álcool.
O'Neill disse ainda acreditar que o Brasil deve alcançar o "investment grade" (grau de investimento), concedido a países que representam baixíssimos riscos de darem calote, no curto prazo.
Ontem pela manhã, a presidente da agência de classificação de risco Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, afirmou que o país, pela primeira vez, está em um ciclo virtuoso para chegar a ser grau de investimento "de fato e de direito". "O Brasil hoje é muito menos vulnerável, está muito melhor estruturalmente. O que é necessário agora são reformas pontuais, de efeito imediato, para melhorar sua avaliação de risco", disse a executiva, após participar do debate Conquista do Grau de Investimento para o Brasil, realizado na Bovespa.


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