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Socorro ao Bear Stearns eleva temor nos mercados
Com pessimismo global, Bovespa chegou a cair 2,52%, mas reduziu perda a 0,46% no final
Analistas esperam que turbulências continuem no curto prazo, enquanto investidores se guiam
por notícias sobre bancos
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem foi mais um dia de
forte oscilação para a Bolsa de
Valores de São Paulo. De manhã, chegou a subir até 1,2%
com os números sobre a inflação ao consumidor nos EUA,
mas logo depois veio a notícia
de que o tradicional banco de
investimentos americano Bear
Stearns está quase quebrando,
o que azedou bastante o humor
do mercado no mundo todo.
Tendo recuado até o mínimo
de 60.709 pontos (queda de
2,52%), a Bovespa diminuiu o
ritmo de queda no final do expediente e fechou com baixa de
0,46%, aos 61.990 pontos.
"Comparando com o que
aconteceu em Wall Street, até
que essa queda foi pequena",
comenta Daniel Doll Lemos,
analista da corretora Socopa. A
Bolsa de Nova York caiu 1,6% e
a Nasdaq (onde se negociam
ações do setor de tecnologia)
teve queda de 2,26%.
Tanto lá como cá, os papéis
das empresas do setor financeiro registraram as maiores desvalorizações. Os preferenciais
(PN) do Bradesco recuaram
1,77% na Bovespa, a R$ 51,36, e
os do Itaú perderam 0,94%, a
R$ 41,80. "Nem há ligação entre os problemas dos americanos com os bancos nacionais,
porém a preocupação com o
que está acontecendo nos Estados Unidos acaba se refletindo
aqui também", explica Lemos.
Ontem, o JPMorgan informou que, apoiado pelo Fed (Federal Reserve, banco central
americano) de Nova York, proverá o Bear Stearns dos recursos de que necessita por um período de 28 dias e o auxiliará na
busca de uma solução para os
seus problemas. O grande medo dos investidores é que outros bancos estejam em dificuldades semelhantes e não tenham avisado sobre o tamanho
dos prejuízos sofridos com a
crise de hipotecas de alto risco.
"O que gera o nervosismo é
não saber a dimensão do rombo", resume Eduardo Barros,
estrategista da corretora de
câmbio Fluxo. O pessimismo
no exterior fez o dólar comercial subir 1,24%, vendido a R$
1,713. Em uma semana, a moeda acumula valorização de
1,72%. No ano, ainda há uma
queda de 3,6%.
Preocupado com uma recessão -que já se instalou, na opinião de grande parte dos analistas-, o Fed deve voltar a cortar
seus juros na próxima semana.
Alguns economistas apostam
em uma redução de 0,5 ponto
percentual, que levaria a taxa
básica a 2,5% ao ano; outros falam em uma diminuição de até
0,75 ponto percentual. O palpite mais ousado se apóia no índice de inflação ao consumidor
americano, que apontou estabilidade em fevereiro em comparação com janeiro, segundo o
governo divulgou ontem. A alegria provocada pelos dados, entretanto, durou pouco.
"Assim será nos próximos
dias. O mercado se guiará exclusivamente pelas notícias
que forem saindo", diz Lemos.
"Está muito difícil fazer previsões para o curto prazo." A Bovespa tem elevação de 0,2% na
semana e baixa de 2,97% em
2008. Ontem, as ações que impediram a Bolsa de ter uma
queda maior foram as do setor
de siderurgia. Usiminas PNA
avançou 1,35%, a R$ 105; Companhia Siderúrgica Nacional
ON (ordinária) teve alta de
2,68%, a R$ 67; e Gerdau PN subiu 0,35%, a R$ 56,70.
Na Ásia e na Europa, o clima
esteva igualmente pesado na
sexta-feira. A Bolsa do Japão
recuou 1,54%; a de Hong Kong,
0,29%; a de Londres, 1,1%; a de
Frankfurt, 0,75%.
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