São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Socorro ao Bear Stearns eleva temor nos mercados

Com pessimismo global, Bovespa chegou a cair 2,52%, mas reduziu perda a 0,46% no final

Analistas esperam que turbulências continuem no curto prazo, enquanto investidores se guiam por notícias sobre bancos

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem foi mais um dia de forte oscilação para a Bolsa de Valores de São Paulo. De manhã, chegou a subir até 1,2% com os números sobre a inflação ao consumidor nos EUA, mas logo depois veio a notícia de que o tradicional banco de investimentos americano Bear Stearns está quase quebrando, o que azedou bastante o humor do mercado no mundo todo.
Tendo recuado até o mínimo de 60.709 pontos (queda de 2,52%), a Bovespa diminuiu o ritmo de queda no final do expediente e fechou com baixa de 0,46%, aos 61.990 pontos.
"Comparando com o que aconteceu em Wall Street, até que essa queda foi pequena", comenta Daniel Doll Lemos, analista da corretora Socopa. A Bolsa de Nova York caiu 1,6% e a Nasdaq (onde se negociam ações do setor de tecnologia) teve queda de 2,26%.
Tanto lá como cá, os papéis das empresas do setor financeiro registraram as maiores desvalorizações. Os preferenciais (PN) do Bradesco recuaram 1,77% na Bovespa, a R$ 51,36, e os do Itaú perderam 0,94%, a R$ 41,80. "Nem há ligação entre os problemas dos americanos com os bancos nacionais, porém a preocupação com o que está acontecendo nos Estados Unidos acaba se refletindo aqui também", explica Lemos.
Ontem, o JPMorgan informou que, apoiado pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano) de Nova York, proverá o Bear Stearns dos recursos de que necessita por um período de 28 dias e o auxiliará na busca de uma solução para os seus problemas. O grande medo dos investidores é que outros bancos estejam em dificuldades semelhantes e não tenham avisado sobre o tamanho dos prejuízos sofridos com a crise de hipotecas de alto risco.
"O que gera o nervosismo é não saber a dimensão do rombo", resume Eduardo Barros, estrategista da corretora de câmbio Fluxo. O pessimismo no exterior fez o dólar comercial subir 1,24%, vendido a R$ 1,713. Em uma semana, a moeda acumula valorização de 1,72%. No ano, ainda há uma queda de 3,6%.
Preocupado com uma recessão -que já se instalou, na opinião de grande parte dos analistas-, o Fed deve voltar a cortar seus juros na próxima semana. Alguns economistas apostam em uma redução de 0,5 ponto percentual, que levaria a taxa básica a 2,5% ao ano; outros falam em uma diminuição de até 0,75 ponto percentual. O palpite mais ousado se apóia no índice de inflação ao consumidor americano, que apontou estabilidade em fevereiro em comparação com janeiro, segundo o governo divulgou ontem. A alegria provocada pelos dados, entretanto, durou pouco.
"Assim será nos próximos dias. O mercado se guiará exclusivamente pelas notícias que forem saindo", diz Lemos. "Está muito difícil fazer previsões para o curto prazo." A Bovespa tem elevação de 0,2% na semana e baixa de 2,97% em 2008. Ontem, as ações que impediram a Bolsa de ter uma queda maior foram as do setor de siderurgia. Usiminas PNA avançou 1,35%, a R$ 105; Companhia Siderúrgica Nacional ON (ordinária) teve alta de 2,68%, a R$ 67; e Gerdau PN subiu 0,35%, a R$ 56,70.
Na Ásia e na Europa, o clima esteva igualmente pesado na sexta-feira. A Bolsa do Japão recuou 1,54%; a de Hong Kong, 0,29%; a de Londres, 1,1%; a de Frankfurt, 0,75%.


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